Israel bombardeia a Faixa de Gaza após decisão de Trump
Aeronaves israelenses bombardearam nessa quinta-feira (14) três lugares da Faixa de Gaza com um saldo de possíveis vítimas ainda desconhecido; a decisão norte-americana de reconhecer Jerusalém como capital israelita deu origem a uma escalada de tensão e violência
Publicado 14/12/2017 14:54
Israel confirmou um bombardeamento aéreo ao Hamas na Faixa de Gaza durante a madrugada dessa quinta-feira (14). O ataque foi conduzido por um avião israelita, que atingiu três acampamentos pertencentes ao grupo militar Hamas, segundo as forças militares de Israel. Os israelitas alegam que o ataque às zonas de armazenamento e treino militar foi uma resposta a três mísseis lançados a partir da Faixa de Gaza na quarta-feira (13).
Por trás desta tensão está a transferência da embaixada norte-americana em Israel para Jerusalém, oficializando o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel (que autoentitulou Jerusalém como sua capital e era o único país a reconhece-la como tal até agora). A decisão do líder da Casa Branca gerou imediatamente confrontos entre polícia e manifestantes; desde então a violência escalou e os ataques são diários.
"Israel não vai permitir que os seus cidadãos sejam ameaçados pela organização terrorista Hamas que conduz os habitantes de Gaza a uma vida de pobreza, devastação e desespero", referiu o responsável militar. Apesar da declaração, grande parte da miséria e violência em Gaza é consequencia de ações militares israelenses, que causam grande números de civis mortos, além de continuar com ocupações em territórios palestinos. Recentemente ambos os grupos palestinos, Fatah e Hamas, assinaram um acordo de reconciliação que acabou com a divisão que separava ambas as partes desde 2007.
Palestinos se reúnem na quinta-feira (14) na Faixa de Gaza para celebração dos 30 anos de existência do Hamas
Foto: Reuters
Para além do bombardeamento aéreo, Israel anunciou o encerramento da fronteira na Faixa de Gaza, sem detalhar por quanto tempo prolongará a medida. "Devido a incidentes relacionados com a segurança e depois de analisar a situação atual, a passagem Kerem Shalom, que é usada para transferência de mercadorias, e o caminho pedestre Erez serão fechados amanhã", acrescentou.
Desde o dia 6 de dezembro morreram quatro palestinos, dois nos confrontos de rua e outros dois nos ataques aéreos e dois membros do Hamas, detalha a Reuters.
A decisão de Trump foi elogiada pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que afirmou que muitos países devem seguir o exemplo norte-americano de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, e transferir as suas embaixadas para esta cidade, apesar de até agora todas as nações terem afirmado que não seguirão os passos de Trump quanto a Cidade Santa; segundo o Conselho de Segurança das Nações Unidas, todas as medidas que alteram o caráter geográfico, demográfico, histórico e o Estatuto da Cidade Santa são nulas, sem efeito e ineficazes. Além disso, pelas normas e resoluções da ONU, responsáveis por subscrever a regra do direito internacional, Jerusalém Oriental é a capital do Estado da Palestina, também não reconhecido por Israel.