Construção civil recua 6% e demite 105 mil em 2017
Dados da Câmara da Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostram que o setor de construção civil e o mercado imobiliário encolheram pelo quarto ano seguido, com uma queda de 6% em 2017. Este ano, 105 mil trabalhadores foram demitidos. De 2014 para cá, o setor eliminou 1 milhão de postos de trabalhos.
Publicado 11/12/2017 18:20
De acordo com a CBIC, a construção civil, que hoje representa cerca de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB), terá um impacto negativo de 0,5% na economia este ano. "Se não tivéssemos andado para trás, o PIB [nacional] neste ano seria de 1,2% e 1,3%", disse o presidente da CBIC, José Carlos Martins,
No mercado imobiliário, no terceiro trimestre, as vendas de imóveis caíram 5,1% e os lançamentos diminuíram 11% em comparação com o segundo trimestre deste ano.
Para Martins, um dos principais motivos da retração foi a queda do aporte de investimentos públicos.
Os investimentos do governo federal atingiram em 2017 os menores valores dos últimos dez anos em termos reais. O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal programa federal de investimentos, de janeiro a outubro, sofreu uma redução de 40,9% se comparado com o mesmo período do ano anterior. Já o Minha Casa, Minha Vida sofreu um recuo de 61,4%.
Para Martins, um dos principais pontos é destravar o crédito na Caixa, principal banco que financia a habitação no país. O crédito hoje está bloqueado pela necessidade de capitalização para enquadrar-se nas regras prudenciais da Basileia. Segundo Martins, o compromisso do Senado é avaliar a questão esta semana.
O dirigente citou também a demora na contratação dos empreendimentos do Minha Casa Minha Vida. Segundo Martins, das 20.000 unidades autorizadas em junho, só foram contratadas 1.000 até agora.
Na semana passada, ele reuniu-se com o presidente Michel Temer e sugeriu que, nas seleções dos empreendimentos para o programa, sejam priorizados os projetos que já estão prontos.
Ainda em relação a financiamentos, Martins atacou estudos em curso no Banco Central para mexer no direcionamento dos recursos da caderneta de poupança para o setor imobiliário.
“Está totalmente errado”, afirmou. Se isso for feito, alertou, os bancos optarão por financiar empreendimentos “na Berrini”, mas não haverá recursos para cidades menores.
“O maior problema é ter só três bancos privados”, disse. Ele contou ter falado com Temer sobre a “concentração absurda” no mercado financeiro brasileiro.