Centrão pode embarreirar Reforma da Previdência

Na corrida por votos para aprovar a Reforma da Previdência (PEC 287/16), cada desistência ou incerteza pode significar uma derrota na principal aposta do governo Temer. Diante disso, os votos do chamado Centrão são significativos para que Temer consiga avançar com seu pacote de maldades previdenciárias. No entanto, as legendas que compõem este grupo, e que hoje são as principais fiadoras de Temer, ainda não deram o retorno esperado.

Temer - Reprodução da Internet

Segundo as contas dos líderes do bloco, numa perspectiva otimista, 65% dos 173 votos possíveis devem acompanhar o Planalto numa eventual votação.

Um levantamento apresentado pelo portal Poder360 traz o seguinte cenário: PP (de 38 a 40 votos da bancada de 46 deputados); PSD (15 dos 38 na bancada; PR (de 25 a 28 votos da bancada de 37 deputados); PRB (de 10 a 12 votos da bancada de 22 deputados); PTB (13 dos 16 deputados); Solidariedade (3 votos de 14 deputados).

Contra

Os 62 votos do Centrão que devem ir contra a reforma inflarão os números da Oposição contra o texto do governo.

Juntos, PT, PDT, PCdoB, PSol e Rede têm 100 deputados. O PSB, que passou a integrar a oposição, tem 33 deputados. Segundo o líder, deputado Júlio Delgado (MG), 30 votos serão contra o governo.

Somados os 130 votos da Oposição aos do Centrão, seriam 192 votos contra a Reforma da Previdência, sem contar os dissidentes do próprio PMDB e de outras legendas ligadas a Temer. São necessários 308 votos para aprovar a reforma.

No cenário atual, com 512 deputados em exercício (uma das cadeiras está vazia, pois o suplente não assumiu o posto) e considerando que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não vota por causa do regimento interno, a Oposição precisa de 203 votos para barrar de vez a PEC 287/16. Ou seja, com apenas mais 11 votos, a principal pauta do governo em 2017 poderia ser vetada caso fosse levada hoje a Plenário.

Barganhas

No entanto, as tratativas do governo seguem pesadas. Um clima mais favorável vem pairando no ar nos discursos governistas. Segundo o líder do governo na Câmara. Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), a ideia é pautar a PEC na última semana antes do recesso, ou seja, entre os dias 18 e 20 de dezembro.

Para tanto, o governo tem liberado recursos e cedido às pressões dos “aliados”. A bola da vez é a demissão do ministro Antonio Imbassahy, da Secretaria de Governo, que voltou a ser analisada. Este é um pleito antigo daqueles que votaram para livrar Temer das denúncias e passaram a cobrar do presidente uma postura mais firme em relação aos “infiéis”, em referência aos tucanos que votaram pela abertura dos processos contra Temer.

A expectativa dos que apostam nessa estratégia é que o desligamento de Imbassahy até a próxima semana possa atrair mais votos. A conta, porém, ainda não fecha e o governo deverá enfrentar dificuldades para emplacar a pauta ainda este ano.

Apesar disso, ministros de Temer têm defendido que se a votação não acontecer em 2017, não passa do início de 2018. Já o presidente da Câmara tem sido mais realista e afirmou que se a reforma não for votada agora, “às vésperas de eleição é que não se conseguirá”.