Reunião das centrais pode indicar greve em defesa da Previdência

Nesta sexta-feira (8) as centrais sindicais voltam a se reunir após a realização dos atos pelo país que repudiaram a reforma da previdência social na última terça-feira (5). O movimento sindical continua mobilizado e respondendo à pressão de Michel Temer que mantém a pressão sobre a base governista pela votação da reforma ainda neste ano. O governo corre contra o recesso parlamentar e contra o temor dos deputados votaram tema impopular às vésperas de ano de eleição.

Por Railídia Carvalho

protesto 10 de novembro 2017 centrais contra reforma trabalhista - Tiago Macambira

Após recuar da primeira votação pressionado pelas centrais, Temer tenta – apoiado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, colocar a proposta em plenário na próxima semana. As centrais podem surpreender com nova data para greve nacional, que pode ser no dia 12. 

Levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) apontou no início da semana que o número de indecisos entre os deputados federais é maior do que o do grupo que assumiu ser favorável à reforma. Pelo Mapa do Voto do Diap, 167 deputados votam sim enquanto 198 estão indecisos. Votos contra a reforma são 142, segundo a projeção.

Greve à vista

A disposição para a greve fica clara nas declarações dos dirigentes que reforçam os bordões “Se votar não volta” e “se votar o Brasil vai parar”. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, declarou ao site da entidade que a orientação aos filiados é permanecer em estado de greve e cruzar os braços se a reforma for colocada na pauta.

“Pode ser dia 11, 13 ou 14. Qualquer um dos dias, nós estaremos prontos para parar o Brasil e cumprir o nosso papel histórico de enfrentar os golpistas e não permitir que os nossos direitos sejam retirados, principalmente o direito da maioria dos trabalhadores e trabalhadoras de se aposentar”, completa o presidente da CUT.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) defendeu a unidade das centrais em defesa da aposentadoria do trabalhador. "A CTB sempre defendeu a unidade na luta e o momento cobra isso das centrais sindicais. Construir a greve nacional nas bases contra o desmonte da Previdência é a melhor resposta ao ilegítimo governo que insiste em querer colocar para votação, ainda este ano, a contrarreforma da Previdência, que acaba com a nossa aposentadoria", afirmou Adilson Araújo, presidente nacional da CTB.

Em reunião da diretoria executiva da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM), realizada nesta quinta-feira (7), os dirigentes avaliaram 2017 como um ano de dificuldades para o trabalhador mas reafirmaram a luta contra a reforma da Previdência. “Mesmo com as dificuldades, continuaremos mobilizados contra a reforma da Previdência que o governo busca aprovar no Congresso Nacional, em defesa das conquistas históricas dos trabalhadores e pelo fortalecimento do movimento sindical como protagonista das lutas pela retomada do desenvolvimento econômico do País”, afirmou Miguel Torres, presidente da CNTM e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes e vice-presidente da Força Sindical.

Nesta quinta, o sindicato dos metroviários de São Paulo realizou plenária com a participação de representantes da CTB, CUT, Conlutas, Intersindical e CGTB que tirou como indicativo para a reunião de amanhã a definição do dia 12 como data para a greve nacional, informou ao Portal Vermelho Wagner Fajardo, diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

Estiveram presentes na plenária dirigentes de entidades de áreas de serviços essenciais como o Sindicato dos Trabalhadores da Água, Esgoto e Meio-Ambiente de São Paulo (Sintaema) e o Sindicato dos Eletricitários do Estado de São Paulo. De acordo com Fajardo, existe uma disposição do movimento sindical para a construção da greve. Na segunda-feira está prevista plenária dos condutores de São Paulo para se posicionar sobre a agenda de combate à reforma da Previdência.

Nova proposta de reforma "corta aos poucos cabeça do trabalhador"

A nova proposta de Michel Temer mantém a lógica de dificultar que o trabalhador brasileiro consiga se aposentar. “Vou cortar sua cabeça mas vou aos poucos e acaba dando a impressão que é mais suave ou que não ficou tão ruim assim. Mas continua ruim”, declarou ao Portal Vermelho, Tônia Galleti, coordernadora do Departamento Jurídico do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos da Força Sindical. Ao contrário do que diz a propagando de 20 milhões de Temer na tv, a reforma vai penalizar a maioria da população brasileira assalariada.

Entre os pontos da atual proposta desmascarados por Tônia está a manutenção do tempo mínimo de contribuição de 15 anos. Antes o governo defendia o aumento desse tempo para 25 anos. Mas a manutenção do tempo atual não passa de armadilha, segundo Tânia, porque atualmente homens com 65 anos e mulheres com 60 anos podem se aposentar com 85% do benefício se tiverem contribuído por 15 anos. Os 15 anos de contribuição pelo novo texto rebaixam o valor da aposentadoria para 60% do benefício.

Para ter o benefício integral, a atual legislação determina que mulheres tenham 55 anos mais 30 de contribuição e homens 60 anos mais 35 de contribuição. A proposta apresentada nesta quarta impõe 40 anos de contribuição para o trabalhador ter acesso à aposentadoria integral. Na opinião da advogada, a grande maldade está na forma de calcular o benefício. “Para calcular o valor do benefício vão partir de 60% da média da renda das pessoas que se aposentam por idade quando a média de que partimos hoje é 85%. Estão baixando e vão atingir uma grande parcela que terá seu benefício rebaixado”, comparou.