Prêmio Nobel de Economia acredita que o bitcoin deve ser proibido
O alerta não é novo, mas desta vez vem da boca de uma das maiores autoridades da economia mundial. Joseph Stiglitz, de 74 anos, Prêmio Nobel de Economia em 2001 e ex-economista-chefe do Banco Mundial, não usa meias palavras ao falar do bitcoin.
Publicado 04/12/2017 15:40
Em meio ao furor sobre a moeda virtual, que na semana passada ultrapassou a barreira de US$ 10 mil (R$ 32,5 mil), crescem as dúvidas quanto à sua estabilidade e seu futuro.
Em entrevista à BBC, o economista americano explicou por que acredita que o bitcoin deveria ser proibido.
"Por que as pessoas querem bitcoins? Por que as pessoas querem uma moeda alternativa? A verdadeira razão pela qual as pessoas querem uma moeda alternativa é participar de atividades ilícitas: lavagem de dinheiro, evasão fiscal".
"O que realmente devemos fazer", disse Stiglitz, "é exigir a mesma transparência nas transações financeiras com bitcoins que temos com os bancos".
Mas se isso for feito, acredita o economista, o bitcoin "simplesmente entraria em colapso".
No último ano, o chamado "ouro digital" cresceu mais de 1.200% e muitos analistas acreditam que isso poderia ser a maior bolha financeira da história.
Ao contrário das moedas convencionais, os bitcoins não são regulados por governos, grandes bancos ou fundos de investimento, mas por investidores privados.
'Sem transparência'
É possível fazer transações em bitcoins de qualquer lugar com uma conexão à internet, por meio de empresas de câmbio ou vendendo produtos ou serviços em troca deles, embora a maioria das pessoas os usem como investimento.
Para Stiglitz, contudo, "não há transparência sobre quem está envolvido em que transação e para quê".
"Há muitas moedas mais estáveis como o dólar e a libra, então você precisa se perguntar por que as pessoas estão comprando bitcoins", acrescentou ele.
Segundo o economista americano, "é porque eles não querem qualquer tipo de supervisão, como temos em nosso sistema bancário".
Efeito das regulações
Na visão de Stiglitz, o que está "realmente impulsionando" o mercado bitcoin é a implementação de regulações mais fortes no setor bancário: "O que temos a fazer é exigir mais transparência e (os bitcoins) vão simplesmente entrar em colapso".
Ele acrescenta, por outro lado, não ser possível "eliminar a moeda virtual".
O que se deve fazer, por outro lado, é "dizer que trocar bitcoins por dólares ou libras não é legal, que empresas como a Microsoft não devam aceitar bitcoins, e que não podemos comprar ativos ou imóveis com eles ".
"Defendo o dinheiro eletrônico digital; a questão, porém, é por que precisamos de uma moeda alternativa, qual é o problema que estamos tentando resolver. Nós, como sociedade, devemos permitir isso? Na minha opinião, não", concluiu.
O que é?
Muitas vezes descrito como uma criptomoeda, trata-se de uma moeda não regulada por qualquer governo e que só existe no ambiente virtual. Ou seja, uma espécie de versão online do dinheiro. Isso quer dizer que não se pode segurá-lo, tampouco sacá-lo de um banco.
Como funciona?
Os bitcoins existem dentro de uma "carteira virtual" (como sua conta online em um banco comum, por exemplo) que só pode ser acessada pela internet. As transações são executadas seguindo um modelo conhecido como blockchain, em que cada uma delas passa pelo computador de vários usuários e é "certificada" por meio de códigos de computação. A partir daí, são agrupadas e adicionadas em um "bloco".
Como adquiri-lo?
Há três formas principais: com dinheiro "real"; vendendo produtos ou serviços remunerados em bitcoins ou por meio de novas empresas que fabricam suas próprias moedas virtuais.
Por que se tornou tão valioso?
Os bitcoins são valiosos porque as pessoas estão dispostas a trocá-las por bens e serviços reais, e incluso dinheiro tangível.