protesto 10 de novembro 2017 centrais contra reforma trabalhista (Tiago Macambira) - Tiago Macambira/Jornalistas Livres
Para o consultor sindical Antônio Augusto Queiroz, o Toninho, as centrais precisam alertar a população que o novo texto é uma manobra de Temer para aprovar a reforma.
“O que o governo tirou da reforma ele pode recolocar por lei ordinária. É uma forma que ele tem de aliviar a pressão mas que é ilusória. Basta baixar medida provisória mais na frente para aumentar, por exemplo, a idade mínima de 15 anos para o setor privado. Se não está na Constituição pode aumentar por lei ordinária. É uma das denúncias que as centrais devem fazer”, declarou Toninho, que é consultor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Na opinião dele, existe um cenário de desgaste dos deputados que pode ser explorado pelas centrais para fortalecer a greve do dia 5. “A dificuldade na base governista é que os parlamentares já aprovaram reforma trabalhista, terceirização e congelamento de gastos. Isso gerou um desgaste grande diante da opinião pública. Se votar previdência agora pode inviabilizar a reeleição em 2018”, analisou Toninho. O receio dos parlamentares se fez sentir no jantar organizado pelo governo para apresentar o novo texto da reforma que reuniu pouco mais de 100 parlmentares dos que foram 300 convidados.
Sob o mote “se votar, não volta” os sindicalistas tem pressionado os parlamentares para não votarem o novo texto. E se for à votação rejeitarem a proposta. Entre outros pontos, Temer propõe a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para homens. Rebaixa o valor da aposentadoria que atualmente é de 85% do benefício para homens com 65 anos e mulheres com 60 anos e 15 anos de contribuição. Pelo novo texto, considerando os mesmos 15 anos de contribuição, o valor da aposentadoria seria de 60% do total para homens. Mulheres teriam que trabalhar mais dois anos. Para ter direito ao benefício integral o trabalhador terá que contribuir por 40 anos pela reforma, que também penaliza os trabalhadores do serviço público.
“Ele esquece que a classe trabalhadora já provou que sabe o tamanho do prejuízo e está em estado de alerta. E mais, que se ele tentar acabar com a aposentadoria, vamos parar o Brasil e denunciar todos os deputados e senadores que traírem os trabalhadores e as trabalhadoras brasileiras. Em 2018, podem ter certeza, muitos vestirão o pijama se ousarem mexer na Previdência”, enfatizou Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), também alertou sobre a manobra da Temer. “Temer mente e segue retirando direitos consagrados do nosso povo. Essa reforma não tem outro objetivo senão privatizar o maior sistema de distribuição de renda do país e condenar nosso povo a um futuro de fome e miséria”, acrescentou Adilson.
Segundo Toninho, é "suicídio eleitoral” votar a favor da reforma da previdência. Ele acrescentou que as eleições 2018 terão com pano de fundo o fim do financiamento empresarial de campanha e também a implementação de agenda do governo que fez o trabalhador perder direitos. “Os eleitores vão levar isso em consideração. Se existia dificuldade adicional para os deputados, que não vão poder mais contratar cabos eleitorais porque acabou o financiamento de campanha, também vão ter que encarar o eleitor que perdeu direitos com a reforma trabalhista, terceirização. Votar nesse cenário a reforma da previdência é suicídio eleitoral”.
O objetivo das centrais é realizar greve no dia 5 em todas as capitais brasileiras. Trabalhadores do serviço público devem fortalecer as manifestações. Nesta terça-feira (28), a categoria impediu o funcionamento do ministério do planejamento bloqueando a entrada no prédio. Os protestos dos trabalhadores do serviço público prosseguem nesta terça-feira (28) com ato em Brasília em defesa do setor público.
Os trabalhadores dos transportes no estado de São Paulo realizam reunião também nesta terça-feira para consultar os trabalhadores sobre a adesão à greve, que é a orientação das centrais. Dia 30 está agendado encontro do movimento Brasil Metalúrgico que traz na pauta a mobilização para a greve do dia 5.