Governo não tem votos para mudar a Previdência, diz Maia
Em entrevista à rádio CBN na manhã desta terça-feira (21), o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) afirmou que o governo de Michel Temer “está muito longe” de ter os 308 votos necessários para aprovar as mudanças na Previdência Social (PEC 287/16). Segundo ele, a proposta foi “demonizada” e tirar a “imagem ruim” da PEC não será fácil.
Por Christiane Peres
Publicado 21/11/2017 12:09
Para tanto, o governo, contando novamente com articulações puxadas por Maia, fará uma série de encontros com parlamentares da base e economistas de fora do governo para tentar convencer os “aliados” de que as mudanças são necessárias. Na própria quarta-feira (22) há previsão de um jantar para iniciar a “reversão” de votos.
"Está muito longe dos 308 [votos]. Com todo desgaste, a reforma foi demonizada, hoje nós estamos muito longe. Nada que a gente não consiga resolver se ajustarmos a comunicação junto com os deputados e explicar quais são os impactos da reforma", disse Maia.
Para a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), hoje Temer não possui quórum constitucional para aprovar a PEC, visto que saiu enfraquecido da votação da última denúncia por obstrução de Justiça e organização criminosa. No entanto, lembrou a parlamentar, é preciso ficara atento às possíveis mudanças por medida provisória ou projeto de lei.
“De fato, hoje não há quórum para aprovar a Reforma da Previdência. Mas eles vão reduzir a proposta para tentar aprova-la. E por MP ou projeto de lei eles podem alterar coisas importantes. Mas nós temos que resistir. A seguridade não é deficitária, por isso não há razão para ser reformada, pois quem sairá prejudicado é a população de baixa renda. 70% desse grupo estaria excluído do sistema previdenciário brasileiro caso as mudanças fossem aprovadas”, critica a parlamentar.
Aliança retomada
Durante a entrevista, Maia negou que tenha virado articulador do governo Temer, mas disse estar a serviço de uma agenda em que acredita e defende. Isso porque, nos bastidores, as rusgas entre o presidente da Câmara e o presidente da República foram deixadas temporariamente de lado para pensar uma possível aliança para 2018 e garantir o avanço da PEC 287/16.
A nomeação de Alexandre Baldy para o Ministério das Cidades teve influência forte de Maia, que também poderá ser consultado na mudança da Secretaria de Governo, hoje ocupada pelo tucano Antônio Imbassahy.
Maia negou influência nas indicações, e disse que reforma ministerial não traz votos no Congresso.
"O que vai garantir voto é sair da pauta desgastante de nomeações e voltar para a pauta que interessa ao Brasil, a agenda de reformas”, disse.
No entanto, a pauta da reforma ministerial ganhou força após as votações das denúncias contra Temer, quando “aliados” do chamado Centrão começaram a pressionar o governo por cargos de “infiéis”.