Seja bem-vinda, candidata Manuela D’Ávila!
Oxalá faça sucesso a pré-candidatura de Manuela D’Ávila, do PCdoB, uma das figuras mais interessantes de sua geração.
Por Breno Altman*
Publicado 06/11/2017 16:08
De repente, desse processo irá surgir a melhor fórmula possível para a disputa presidencial, com a gaúcha como vice de Lula. Mulher, jovem, combativa, inteligente, sulista: não seria esse um bom caminho?
Claro que precisamos preservar a unidade do campo progressista para defender o direito do ex-presidente disputar as eleições de 2018, mas não há motivos de desconfiança sobre qual será o comportamento do PCdoB a esse respeito.
No mais, desde que o partido de Manuela seja um fator de pressão pela esquerda, mal não fará ao petismo ter que sair de sua zona de conforto, fazer um debate programático denso e enterrar eventuais desvios hegemonistas no campo popular.
Um breve exemplo histórico, a título de ilustração. O PC chileno, em 1970, lançou a candidatura de Pablo Neruda a presidente, quando o normal seria apoio imediato a Salvador Allende. A forte repercussão de seu nome acabou sendo decisiva para a formação da Unidade Popular, como uma aliança orgânica e vertical. Tivessem os comunistas defendido o heroico presidente desde o princípio, talvez o resultado fosse um mero acordo eleitoral, frouxo e instável, e eventualmente incapaz de levar a esquerda ao governo.
O fato é que o PT, tendo que lidar com as alternativas Boulos e Manuela, está desafiado a colocar definitivamente, no centro de sua política, a construção de uma frente popular estável e programática, capaz de abrigar um pacto estratégico do conjunto da esquerda e dos movimentos populares.