Trump culpa programa de imigração pelo atentado em Nova York
Após o ataque terrorista de terça-feira (31), em que um homem identificado como Sayfullo Saipov atropelou diversas pessoas em Manhattan, o presidente Donald Trump declarou em suas redes sociais que as políticas de entrada de imigrantes devem ser mais rígidas
Publicado 01/11/2017 15:36
A zona baixa de Manhattan mergulhou no caos em plena festa de Halloween, depois de uma caminhonete atropelar várias pessoas que circulavam em uma movimentada ciclovia no bairro de Tribeca. Por enquanto, há oito mortos confirmados e 15 feridos. O prefeito de Nova York, Bill de Blasio, afirmou que se tratava de “um ato de terror covarde” e pediu aos nova-iorquinos que permanecessem alertas, embora até o momento o ataque esteja sendo considerado como iniciativa de um lobo solitário e não como parte de uma operação terrorista mais ampla. De acordo com numerosos veículos de comunicação norte-americanos, o suspeito é Sayfullo Saipov, um homem de 29 anos, nascido no Uzbequistão e residente desde 2010 em Tampa, na Flórida. Autoridades já consideram esse o atentado mais mortífero desde o 11 de setembro.
O número de mortos pode aumentar, tendo em conta o número de feridos. A polícia da Nova York prendeu o motorista, que está sendo atendido em um hospital próximo. “Um veículo entrou na faixa para bicicletas e pedestres e atropelou várias pessoas no caminho. Há várias vítimas mortais e muitas pessoas feridas. O veículo continuou pelo caminho na direção sul até bater em outro veículo. O suspeito saiu da caminhonete com armas falsas e foi baleado pela polícia”, explicou o departamento em vários tuítes. Fontes das forças de segurança citadas pelo The New York Times indicaram que o indivíduo deixou o veículo gritando “Allhu Akbar” (Deus é grande, em árabe).
O ato de Nova York é o mais recente de um padrão promovido pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI) de dois anos para cá e que consiste em usar veículos como armas mortais, embora ainda se desconheça se o motorista desta terça-feira (31) tenha alguma ligação com o grupo. Em agosto, um jovem terrorista fez um atropelamento semelhante, causando 13 mortos e mais de 100 feridos na Rambla de Barcelona (Espanha). Em dezembro de 2016, outro terrorista tunisiano usou um caminhão para investir contra um mercado de Natal em Berlim (Alemanha), matando 12 pessoas e ferindo 56. Em julho daquele ano, outro tunisiano filiado ao EI matou 86 pessoas na avenida à beira-mar de Nice (França) ao atingir centenas de pessoas com um caminhão reboque.
O terrorista
Sayfullo Habibullaevic Saipov é do Uzbequistão, tem 29 anos e chegou aos Estados Unidos em 2010, quando tinha 22 anos. É residente legal e trabalhava como motorista do Uber, segundo confirmou a empresa em comunicado. Foi baleado no abdômen pela polícia após descer da caminhonete com duas armas, e está hospitalizado sob custodia; os médicos dizem que deverá sobreviver.
Diante da falta de informações sobre o atentado, os indícios apontam para que seja um lobo solitário, um terrorista isolado. Segundo a rede CNN o autor do ataque deixou um bilhete no veículo no qual jurava lealdade ao Estado Islâmico (EI), apesar de a organização terrorista não ter reivindicado o atentado e as autoridades norte-americanas não terem registrado conexão alguma entre EI e Saipov.
A reação de Trump
A primeira reação do presidente norte-americano foi escrever em sua conta no twitter que o ataque foi mais um cometido por "uma pessoa doente e perturbada. As autoridades estão acompanhando o caso de perto. NÃO NOS EUA!".
O fato de se tratar de um imigrante foi aproveitado pelo presidente norte-americano desde a sua primeira intervenção quanto ao ataque terrorista em Nova York. Donald Trump escreveu uma série de declarações no twitter, criticando um programa de vistos proposto pelo senador democrata Chuck Schumer, de Nova York. Schumer respondeu: “parece que não é cedo para politizar uma tragédia”.
Trump declarou que Washington tem que ser “muito mais duro” no controle de quem entra nos Estados Unidos. “O terrorista entrou no nosso país através do que é conhecido como o programa de loteria de vistos para diversidade, obra de Chuck Schumer”, declarou, dizendo que quer um programa de imigração “baseado no mérito”.
Segundo o Washington Post, há relatos de que Sayfullo teria vindo do Uzbequistão através do programa. A informação, ressalta o jornal, não foi confirmada.
Este programa federal disponibiliza 50 mil vistos de entrada nos EUA por ano a candidatos oriundos de países que menos contribuíram para a imigração nos EUA nos cinco anos precedentes. O objetivo é fomentar, por essa via, a diversidade.
O programa existe desde 1990. Schumer teve um papel na elaboração de um pacote geral de imigração, que foi aprovado por democratas e republicanos no Congresso, e que Trump assinou, sublinha o Post.
Schumer respondeu que Trump deveria “focar-se na solução real – dar verbas para os programas antiterrorismo, aqueles que propos cortar no seu mais recente orçamento”. Na sua declaração, Schumer sublinhou que acredita “que a imigração é boa para a América”.
Muitos conservadores, escreve o Washington Post, culpam a imigração pelo terrorismo, e esta foi também a justificativa para o “travel ban”, que proíbe a entrada de cidadãos de seis países de maioria muçulmana. “Associar o ataque de Nova York com o programa de vistos para a diversidade serve para dois objetivos: progredir na sua agenda da imigração e culpar Schumer”.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já ordenou o reforço do controle das entradas de estrangeiros no país.