Secretária que criticou portaria sobre trabalho escravo é exonerada
A secretária Nacional de Cidadania do Ministério dos Direitos Humanos, Flávia Piovesan, foi exonerada do cargo em publicação do Diário Oficial da União desta quarta-feira (1º). Ela havia criticado, recentemente, a portaria do governo que reduziria a fiscalização do trabalho escravo no país.
Publicado 01/11/2017 11:59
Flávia foi a primeira mulher a integrar o alto escalão do governo de Michel Temer após o presidente assumir o cargo, em 2016, e já tinha a exoneração prevista para o final deste ano. Ela vai assumir uma vaga na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) a partir de 2018.
Ela ressaltou que a exoneração não tem relação com suas críticas, e que já estava planejada.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Piovesan diz que enfrentou pressões internas, principalmente do Ministério do Trabalho. Cobrava providências do órgão contra o problema não só como secretária, mas também como presidente da Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. Foi como representante do conselho que, em nota divulgada no dia 16 de outubro, ela pediu a revogação da medida.
"Eu sentia e sinto tensões com o Ministério do Trabalho. Foi uma das áreas mais sensíveis, ao defendermos a lista suja do trabalho escravo e criticarmos a nova portaria, que no nosso entendimento compromete a fiscalização", disse.