Adilson Araújo: Temer segue loteando o Brasil
O que se viu hoje é a consecução do neocolonialismo, a entrega do pré-sal no rito clássico do leilão “dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três”.
Por Adilson Araújo*
Publicado 27/10/2017 19:51
Assim o valioso Carcará, área na Bacia de Santos, agora é da americana Exxon Mobil. É a mais pura consumação do golpe contra a soberania. A agenda ultraliberal de Michel Temer segue subalterna aos interesses do Império e das grandes multinacionais.
Nesta sexta-feira (27) o governo derrubou liminar que barrou o leilão do pré-sal e deu início à venda de uma das maiores e mais estratégicas riquezas brasileiras. Ao todo, 16 petrolíferas, das quais 14 são multinacionais, disputaram as reservas com 12 bilhões de barris de petróleo de altíssima qualidade.
Cada barril com 159 litros de óleo do pré-sal saiu para as multinacionais por menos de R$ 1,50, o que representa R$ 0,01 o litro. As petroleiras americanas Shell e Exxon Mobil, e duas estatais europeias, a Petrogal, de Portugal, e a Statoil, da Noruega, já são donas de um pedaço importante do pré-sal brasileiro. A Agência Nacional do Petróleo, Gás e biocombustíveis (ANP) esperava arrecadar R$ 7,75 bilhões, mas obteve R$ 6,15 bi.
O sonho da pátria educadora se distancia cada vez mais, a política de conteúdo local e a indústria nacional agoniza. O revés pode dificultar mais ainda a reindustrialização do país, haja vista que as medidas liberalizantes poderão atrair mão de obra externa e frustar as expectativas de geração de empregos. Mais ainda, corremos risco de que toda a riqueza advinda do pré-sal alimente as burras de dinheiro das grandes multinacionais, já que a tendência é que todo o o resultado alcançado seja remetido para o exterior.
Desregulamentado o trabalho, a agenda da desnacionalização do país ganha força, como resultado, o desmonte da indústria e do estado Nacional e a total subserviência aos interesses do capital.
*Adilson Araújo é presidente nacional da CTB