Oposição monta “Plenário paralelo” no Salão Verde para denunciar Temer
“O Plenário é aqui! Ordem do Dia: Dignidade.” Com esses dizeres, parlamentares da Oposição e membros de partidos da base que estão insatisfeitos com Temer montaram um Plenário alternativo no meio do Salão Verde para denunciar as negociatas do peemedebista para se manter no poder. A ação faz parte da estratégia de esvaziar o Plenário da Casa onde acontecerá a votação da segunda denúncia contra Temer e seus ministros pelos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa.
Publicado 25/10/2017 11:24
Por Christiane Peres
“Nós só vamos entrar quando der 342 no Plenário. Nossa tribuna hoje é aqui, pois representa nossa inconformidade com o que está acontecendo aqui hoje. O submundo circula, se movimenta, num toma lá dá cá de um jeito nunca visto. É deputado levando R$ 100 milhões em obras no seu estado só para dar presença, para além do Refis, da leniência para os bancos. Esse submundo, que a gente não vê, faz com que parlamentares venham aqui e deem quórum. Por isso queremos expor o que está acontecendo”, disse a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
Segundo o deputado Chico Alencar (PSol-RJ), quem dá presença na sessão desta quarta-feira (25), independentemente do voto, “está querendo salvar Temer”.
No entendimento dos oposicionistas, o adiamento da votação pode gerar uma mudança no resultado e levar à investigação de Temer pelo Supremo Tribunal Federal. Para autorizar o prosseguimento da denúncia são necessários, no mínimo, os votos favoráveis de 342 parlamentares. Se Temer conseguir garantir 172 votos, a investigação só poderá ser feita após o fim do mandato.
De acordo com um painel exposto na Câmara com três opções de votos – investigar Temer, em cima do muro, salvar Temer – a disputa está acirrada: 168 parlamentares querem declaradamente que o chefe da gangue do PMDB seja investigado; 98 se colocaram em cima do muro; e 146 leões de chácara continuam do lado do peemedebista, bancando sua salvação.
Para a líder do PCdoB, deputada Alice Portugal (BA), O Brasil vive uma verdadeira “desordem administrativa e política” desde que Temer assumiu a Presidência da República por meio de um golpe contra Dilma Rousseff.
“Michel Temer tem semanalmente defenestrado a soberania nacional. É perdão de dívidas de ruralistas, leniência para bancos, anistia de multas de crimes ambientais, trabalho escravo. Os crimes precisam ser investigados antes que ele acabe com o país”, alertou a parlamentar.
Enquanto este grupo movimenta o Salão Verde, aliados de Temer dão andamento à sessão, com as falas do relator, Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), e dos advogados de defesa dos denunciados.