Jandira Feghali: Não podemos perder para um balcão de negócios
A Oposição quer esvaziar o Plenário para evitar a salvação de Temer. A estratégia foi anunciada nesta terça-feira (24) em coletiva concedida após reunião dos parlamentares com centrais sindicais, representantes do movimento estudantil e de entidades ligadas ao mundo do trabalho.
Por Christiane Peres
Publicado 24/10/2017 14:41
Assim como na votação da primeira denúncia contra Michel Temer, em agosto, líderes do PCdoB, PT, PDT, PSB querem evitar que o governo alcance o quórum mínimo, de 342 deputados, para dar início à sessão de quarta-feira (25) que votará a segunda denúncia contra o peemedebista e dois de seus ministros – Eliseu Padilha, da Casa Civil, e Moreira Franco, da Secretaria-Geral – pelos crimes de obstrução de justiça e organização criminosa.
Segundo a vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o governo está premiando deputado só para dar presença, garantindo assim, quórum em seu benefício.
“Eles querem acelerar a votação para acabar com essa exposição amanhã. Se o governo quer votar rápido, nossa tática é o oposto. Cada dia que ganhamos é menos um voto que ele tem, porque a exposição cresce. A acusação é muito grave e as provas são robustas. Além disso, tem mais delações a caminho. Então, o tempo nos favorece. Nós não podemos perder para um balcão de negócios”, destacou a parlamentar.
Segundo o líder da Minoria, José Guimarães (PT-CE), a responsabilidade do quórum é do governo e à Oposição cabe um trabalho de diálogo com cada parlamentar, mostrando que o acatamento da denúncia é o melhor caminho. “Cada dia estamos ampliando nossas forças, pois as insatisfações são crescentes e o governo está apavorado. Não há vitória certa do governo”, completou Guimarães.
Na estratégia de sangrar o governo, a presidenta nacional do PCdoB, deputada Luciana Santos (PE), relembrou a impopular agenda do peemedebista e suas ações para se salvar das denúncias. Segundo ela, as reformas trabalhista e previdenciária, a recém revogada portaria do trabalho escravo, as privatizações de hidrelétricas em Minas e a tentativa de entregar a Eletrobras são alguns dos exemplos do que Temer representa e o povo já não aguenta mais.
“Ele é reprovado por mais de 90% da população e se sustenta apenas em negociatas. O povo brasileiro já não quer mais saber dessa agenda entreguista, de desmonte do Estado brasileiro”, afirmou.
A Oposição também anunciou que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), liberou parte das galerias do Plenário para que manifestantes favoráveis e contrários à saída de Temer acompanhem a votação da denúncia. Segundo o líder do PSB, Júlio Delgado (MG), a galeria será dividida em três espaços: um para imprensa, um para militantes contra Temer e outra para militância favorável ao presidente.