PCdoB apresentará candidatura ao governo do Rio Grande do Sul em 2018
Para o PCdoB, esquerda renovada, união e amplitude são a solução para o futuro do Rio Grande do Sul
Publicado 21/10/2017 22:35 | Editado 04/03/2020 17:09
O salão de eventos do Hotel Embaixador, no centro de Porto Alegre, ficou pequeno para abrigar a energia e a disposição de luta dos mais de 500 participantes entre delegados e convidados da 19ª Conferência do PCdoB do Rio Grande do Sul que teve como tema: Frente Ampla, Novos Rumos para o Brasil. Além de eleger a nova direção para os próximos dois anos e os delegados à plenária final do 14º Congresso Nacional, o evento aprovou indicativo de inédita candidatura própria do partido para disputar o governo estadual em 2018.
Segundo o presidente estadual Adalberto Frasson, "o PCdoB defende que é possível construir um outro futuro para o Brasil assim como para o Rio Grande! Para isso, vai trabalhar pela candidatura própria ao governo do Estado e buscará a construção de uma frente ampla e democrática pela recuperação do RS, em sintonia com a retomada de um projeto de desenvolvimento para o Brasil.” Segundo ele, uma "esquerda renovada" no Estado pode desempenhar o papel de polo aglutinador de diversas forças políticas e sociais comprometidas com a superação da crise, a democracia e a retomada do crescimento do Rio Grande. Além disso, a sociedade não pode mais ficar aprisionada pelo dogma de que um Estado precário, mínimo e fraco seria a solução dos problemas.
O indicativo de disputa pelo Piratini foi ratificado pelos delegados e as delegadas presentes na Conferência Estadual. A emenda aprovada diz que "o PCdoB deve cumprir um papel como força protagonista nesta nova etapa da luta social e progressista. Apresentamos o nome da nossa Deputada Manuela D’Avila e da nossa líder Abgail Pereira para que até o final do ano, em debates com o coletivo partidário e com outras forças políticas, possamos definir a pré-candidatura que irá representar o partido na construção deste projeto", diz o documento.
Sartori e Temer atrasam o Rio Grande
O PCdoB tem a convicção, segundo o texto aprovado, de que é necessário construir um outro pacto e outra perspectiva política pelo futuro do Rio Grande do Sul. A fórmula apresentada por Sartori é velha (neoliberal) – de desmonte do Estado, privatizações desenfreadas, ataques aos trabalhadores e extinção de órgãos geradores de conhecimento, ciência e tecnologia – apenas aprofunda os problemas ao invés de gerar soluções e torna mais distante a saída. Uma prova disso é o acordo da dívida que o Piratini costura com o governo Temer, o qual tende a comprometer e inviabilizar os investimentos e o crescimento no futuro.
"Para o PCdoB é necessário haver uma nova concertação pelo Rio Grande, com a união de forças democráticas, da sociedade e dos setores produtivos gaúchos. Encontrar novas soluções, em torno de um projeto popular para o Estado. Valorizar a política como elemento de transformação e participação social. Ter como prioridade a recuperação da capacidade do Estado de garantir conquistas sociais e ser o indutor do desenvolvimento", complementa Frasson.
Protagonismo, Frente Ampla e novos rumos para o Brasil
O resumo das teses do 14º Congresso foi apresentado pelo economista e membro do Comitê Central do PCdoB, Dilermando Toni. Ele destacou a tendência geral à multipolaridade no mundo, e como isso influencia a luta social e política dos povos e dos trabalhadores. Essa realidade, segundo Toni, está perpassada pela crise prolongada do sistema capitalista, esta que ainda não vislumbra solução a curto prazo; além disso, citou as profundas transformações que vem ocorrendo no sistema econômico e produtivo, sobretudo com a chamada 4º Revolução Industrial e a crescente financeirização.
Toni apresentou duras críticas ao que o governo ilegítimo de Temer está fazendo ao colocar um fim, de forma muito acelerada, às conquistas sociais e de soberania econômica nacional, construídas com tantas dificuldades ao longo destes últimos anos. "Não se trata de outra coisa. Senão de salvaguardar e ampliar as benesses da oligarquia financeira nacional e estrangeira. Quer pela via das privatizações, transferindo bens públicos para grandes capitalistas privados, quer pelo aumento da transferência de renda dos trabalhadores para os mais ricos (retirada de direitos, Reforma Trabalhista e da Previdência). Tudo para garantir que a sagrada dívida que o Estado contraiu com os banqueiros continue sendo paga sem sobressaltos. O Estado brasileiro, para esta gente, tem exatamente nisso sua função precípua. Não é a toa que em situação de crise como a que o país atravessa neste momento, constatam-se quedas nos salários dos trabalhadores, no nível de emprego e, ao mesmo tempo, elevação dos lucros dos grandes bancos", denunciou.
Concluiu sua exposição com um chamado à luta e ao protagonismo do PCdoB, que precisa sair, segundo ele, ainda mais reforçado do seu Congresso. Ao dirigir-se à deputada Manuela d'Ávila, ocupante da mesa, citou a intenção do partido de lançar candidatura própria à presidência da República (Manuela é lembrada pela direção nacional do PCdoB como um nome que pode estar à frente de candidatura do partido em nível nacional).
A necessidade de protagonismo do PCdoB foi reforçado pelas falas dos deputados comunistas gaúchos. O deputado federal, Assis Melo, chamou a atenção para a centralidade da disputa pelo poder, e das eleições majoritárias para o PCdoB. Ainda fez um chamado à unidade e à luta dos trabalhadores que estão sendo duramente atacados nos seus direitos pelo governo golpista de Temer.
Já o deputado estadual Juliano Roso mostrou a preocupação que o partido deve ter com a superação das cláusulas de barreira, tendo um projeto robusto em 2018 e trabalhar em perspectiva de fortalecimento para 2020. "Espero que o Congresso fortaleça a perspectiva de luta pelo poder, de maneira a aparecer com nitidez a política do PCdoB, com candidatura própria à presidência da República. Este movimento fortalece a luta pela construção da Frente Ampla", afirmou.
Um projeto popular
A deputada estadual Manuela d'Ávila, também reforçou a necessidade do protagonismo do partido, enfatizando que é preciso a criação de Frente Ampla, de caráter popular. No Rio Grande, Manuela afirmou que o PCdoB deve ter ousadia nas eleições de 2018, isso significa ter candidatura própria, e aglutinar as forças avançadas da sociedade em torno de um projeto para recuperar a capacidade do Rio Grande ter desenvolvimento no centro da sua agenda, além da luta pela recuperação das políticas de ciência e tecnologia, educação, saúde e segurança.
"A política precisa salvar a política"
Para a vice-presidenta estadual do PCdoB, Abgail Pereira, a crise que vive o país e o Estado coloca aos lutadores sociais uma grande responsabilidade : fazer e valorizar a luta política. "A política precisa salvar a política", afirmou.
Abgail também considerou que é necessário apresentar um novo projeto para o Estado, que rompa com a narrativa da "austeridade" de Sartori, este que vem ampliando em muito a precarização dos serviços públicos e destruindo a capacidade de indução do desenvolvimento que o Estado deveria ter.
Novo diretório. Grandes desafios
A conclusão de um dia intenso de debates se deu com a eleição dos 73 militantes gaúchos que estarão à frente do partido nos próximos dois anos e a reeleição do professor de Filosofia, Adalberto Frasson, como presidente da sigla.
A plenária também escolheu os 28 delegados e 19 suplentes para participarem da plenária final do 14º Congresso do PCdoB nos dias 17, 18 e 19 de novembro, em Brasília.
Houve uma renovação de 40% no Comitê Estadual e a ampliação na presença das mulheres, que chegou a 38%.
A Conferência também aprovou uma emenda intitulada "PCdoB defende esquerda renovada, união e amplitude como solução para o futuro do Rio Grande”, sobre o posicionamento da sigla em relação às eleições para o governo estadual em 2018.
PCdoB defende esquerda renovada, união e amplitude
como solução para o futuro do Rio Grande
O PCdoB defende que é possível construir um outro futuro para o Rio Grande! Para isso, vai trabalhar pela candidatura própria ao governo do Estado e buscará a construção de uma frente ampla e democrática pela recuperação do RS. A esquerda renovada pode desempenhar o papel de polo aglutinador de diversas forças políticas e sociais comprometidas com a superação da crise, a democracia e a retomada do desenvolvimento do Rio Grande. Além disso, a sociedade não pode mais ficar aprisionada pelo dogma de que um Estado precário, mínimo e fraco seria a solução dos problemas.
Os Delegados e as Delegadas presentes na 19º Conferência Estadual do PCdoB consideram que o partido deve cumprir um papel como força protagonista nesta nova etapa da luta social e progressista. Apresentamos o nome da nossa Deputada Manuela D’Avila e da nossa líder Abgail Pereira para que até o final do ano, em debates com o coletivo partidário e com outras forças políticas, possamos definir a pré-candidatura que irá representar o partido na construção deste projeto.
O PCdoB tem a convicção que é necessário construir um outro pacto e outra perspectiva política pelo futuro do Rio Grande do Sul. A fórmula apresentada por Sartori – de desmonte do Estado, privatizações desenfreadas, ataques aos trabalhadores e extinção de órgãos geradores de conhecimento, ciência e tecnologia – apenas aprofunda os problemas ao invés de gerar soluções e torna mais distante a saída. Uma prova disso é o acordo da dívida que o Piratini costura com o governo Temer, o qual tende a comprometer e inviabilizar os investimentos e o crescimento no futuro.
Para o PCdoB é necessário haver uma nova concertação pelo Rio Grande, com a união de forças democráticas, da sociedade e dos setores produtivos gaúchos. Apresentar novas soluções, em torno de um projeto popular para o Estado. Valorizar a política como elemento de transformação e participação social. Ter como prioridade a recuperação da capacidade do Estado de garantir conquistas sociais e ser o indutor do desenvolvimento.
O partido mobilizará sua militância e seus dirigentes para construir esta nova alternativa para o Rio Grande. E, ao mesmo tempo, trabalhará na construção de nominatas fortes para ampliar o seu espaço na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados.
De Porto Alegre,
Clomar Porto