Oposição aposta em pressão popular para aprovar investigação de Temer
O resultado da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania já era esperado. Agora, deputados da Oposição apostam na pressão das ruas para garantir um placar diferente no Plenário, que tem votação marcada para quarta-feira (25).
Por Christiane Peres
Publicado 19/10/2017 16:30

“Sabíamos que na CCJ era um jogo de cartas marcadas, com muitas trocas de cartas, inclusive. Isso significa que o desgaste, a repercussão da opinião pública e a pressão nos deputados têm levado a essa diminuição da capacidade de resistência de Temer. Somado a isso, comenta-se também da diminuição da sua capacidade de responder às exigências desta base de apoio que foi construída sobre o fisiologismo. Mas para virarmos o jogo no Plenário, a pressão popular precisa ser intensa. Este é o verdadeiro fator de desequilíbrio destas forças retrógradas que tomaram conta do país sem o respaldo do voto popular”, alerta a líder comunista Alice Portugal (BA).
Para que a Câmara autorize o prosseguimento da denúncia contra Temer, pelo menos 342 deputados terão que ser favoráveis à ideia. Na primeira denúncia, Temer garantiu sua “salvação” à base de liberação de emendas, edição de medidas provisórias beneficiando ruralistas, negociação de cargos. Desta vez, a munição foi a mesma, mas com menor intensidade e com rachas entre aliados.
Para o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), a correlação de forças vem mudando gradativamente. “A situação vem lentamente mudando de forma desfavorável ao governo, que tem encontrado dificuldade de manter coesão na sua base. Já começa a se constituir um novo movimento dentro da base do governo colocando em risco a sobrevivência do Temer. A própria desavença com Maia é um indicativo. Não sabemos se teremos votos suficientes, mas tudo indica que esta denúncia será diferente”, avalia o parlamentar.
Painel da Transparência
Na última semana, um painel com as possibilidades de votação da denúncia foi lançado na Câmara. A ideia era expor a posição dos 513 parlamentares. Até agora, no entanto, a adesão foi pequena, com menos de 200 parlamentares expondo sua opinião, sendo que desses, a maioria quer a investigação de Temer.
A participação cresceu um pouco após a votação na CCJ, que foi classificada pelo líder do PSol, Glauber Braga (RJ), de “nojenta”. No entanto, de acordo com o parlamentar, a ideia é que a pressão popular faça, inclusive, com que os deputados mostrem de que lado estão.
“A gente quer que os deputados digam claramente se estão querendo blindar o Temer, se estão em cima do muro ou se querem investigar o Temer. Na CCJ, a turma do Planalto conseguiu blindá-lo mais uma vez, mas no Plenário pode ser diferente. Mas para a gente virar esse jogo, só com muita pressão popular”, disse.