Com desgaste de Temer, partidos da base falam em desembarque com Maia
Enquanto a cúpula do PSDB briga para definir que afunda com Michel Temer ou não, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) faz questão de demonstrar que a relação com o governo é de poucos amigos.
Publicado 11/10/2017 16:48
A estratégia de Maia é deixar claro que está se distanciando de Temer, o que não significa que não concorde com a agenda do governo. Pelo contrário, a estratégia é para dizer que Temer está preocupado em salvar a própria pele, ao invés de governar.
Nos últimos dias, Maia tem mantido encontros com as mais diversas forças políticas, principalmente os descontentes. Na semana passada esteve num jantar na casa da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), contando com a presença de parlamentares como Renan Calheiros (PMDB-AL), Acir Gurgacz (PDT-RO) e Armando Monteiro (PTB-PE).
De acordo com a colunista do G1, Andréia Sadi, a postura de Maia frente ao governo também tem levado líderes e parlamentares da base aliada com queixas e sinalizam um desembarque do governo, o que pode ter efeito já na votação da segunda denúncia contra Temer apresentada pelo Procuradoria-Geral da República.
Ainda segundo a colunista, entre os partidos estão membros do chamado "Centrão", como PR, PP, PSD, além de ala do PSDB e do próprio PMDB, partido de Temer.
"Segundo o Blog apurou, Maia recebeu relatos de que a pressão nas bases eleitorais dos deputados cresceu no ambiente da segunda denúncia. E que eles temem se desgastar para salvar Temer novamente e acabarem sem mandato, cobrados durante a eleição de 2018", disse Sadi.
A jornalista disse ainda que a movimentação dos partidos deixou Temer preocupado. O sinal de alerta foi acionado e o governo mandou o ministro da articulação política, Antonio Imbassahy (PSDB), procurar Maia para tentar apagar o incêndio.
O clima de tensão aumentou depois que Maia criticou o governo e disse, após sessão nesta terça-feira (10), que não votaria mais nenhuma medida provisória após o Planalto agir para esvaziar o quórum da sessão da Câmara.
"Maia repete a aliados que não confia mais no governo e que o país está pendurado para discutir uma denúncia enquanto a agenda econômica e temas como a segurança pública estão sem solução. E completa, dizendo que, se for chamado por Temer, irá para a conversa vestido do seu papel institucional", disse a colunista.
Para o governo, a postura de Maia é para arrumar um pretexto para brigar e justificar o seu desembarque. De acordo com fontes citadas pela grande mídia, alguns membros da cúpula do Planalto acreditam que Maia está alimentando o clima de insatisfação contra o governo.
"Não dá para entender porque Maia está retomando esse movimento às vésperas da votação da denúncia. Ele sempre teve tudo o que quis no governo, até a renegociação da dívida do Rio foi acelerada para prestigiá-lo", lembrou um interlocutor de Temer ao blog de Gerson Camarotti, também do G1.