Empresas alemãs usaram repressão e corrupção para atuar no Brasil
Autor do livro "Empresas alemãs no Brasil: o 7X1 na economia", Christian Russau lembra, por exemplo, que a empresa de automóveis Volkswagen forneceu informações sobre trabalhadores para o Dops (Departamento de Ordem Política e Social)
Publicado 07/10/2017 19:30
"Como a Volkswagen era na época da ditadura militar uma das maiores empresas da América Latina, tinha a condição logística e financeira de vigiar os seus trabalhadores e também trabalhadores de outras empresas do Brasil". A afirmação é do jornalista alemão Christian Russau, autor do livro "Empresas alemãs no Brasil: o 7X1 na economia", que em entrevista a Opera Mundi, conta como fez sua pesquisa sobre as empresas alemãs no Brasil – e como elas usaram artifícios como a corrupção e a colaboração com a repressão para atuar no país.
Russau lembra que a empresa de automóveis alemã Volkswagen forneceu informações sobre trabalhadores para o Dops (Departamento de Ordem Política e Social), órgão de repressão da ditadura militar no Brasil. Essas informações, diz, eram passadas aos agentes do governo em chamadas "listas sujas". "No Arquivo Público de São Paulo e no de outros Estados foram achados documentos com carimbos da Volkswagen contendo informações sobre trabalhadores”, diz. A Volkswagen nomeou um historiador, que confirmou a relação da empresa com a ditadura.