Gestão Temer privilegia empresários, ruralistas e pautas conservadoras
O saldo de 16 meses de Michel Temer na Presidência da República mostra que o Executivo e o Legislativo têm lado e não é o da maioria da população e nem o dos trabalhadores. Empresários, ruralistas e bancadas como a da bala e evangélica foram beneficiados por iniciativas do governo atual e do Congresso.
Publicado 24/09/2017 13:33
Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que, de uma pauta com 36 propostas entregue a Temer, 29 pontos avançaram. Ruralistas tiveram 13 pontos atendidos de um total de 17.
“O governo correspondeu plenamente às nossas expectativas. Foram ações de coragem, de um governo que não está pensando nas eleições do ano que vem. Acho que ele ousou em muita coisa”, declarou à Folha de S. Paulo o deputado federal Marcos Montes (PSD-MG), presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio.
“Não há dúvida de que [o governo] tem tido maior capacidade de condução”, concluiu também em entrevista ao jornal paulista o diretor de Política e Estratégia da CNI, José Augusto Fernandes.
Temer penaliza trabalhadores, indígenas e quilombolas
Em uma lógica inversa da usada para os privilegiados, Temer reservou a trabalhadores e indígenas, por exemplo, a reforma trabalhista e se omitiu na homologação de demarcação de terras indígenas. É o pior desempenho de um presidente sobre o tema desde a redemocratização.
Ainda no caso das populações indígenas, há o agravante do “marco temporal” que, a partir de interpretação da Advocacia Geral da União, retira dos índios o direito de reivindicar terra sobre a qual não estavam em outubro de 1988.
A impopularidade do presidente cresce e os protestos dos movimentos sindical e social também. Ao mesmo tempo em que reivindicam junto ao governo medida provisória que apresente alternativa à desastrada reforma trabalhista, centrais sindicais protestam nas ruas e categorias se articulam nas campanhas salariais para resistir às novas leis trabalhistas.
À reportagem da Folha, o governo argumenta que atua sem distinções. No entanto, parlamentares da oposição como Jean Willys (PSOL), ouvido na reportagem, viu estancar a tramitação de pautas como regulamentação da prostituição e projeto que trata do direito à identidade de gênero.
Alinhada ao governo, a bancada da bala está 100% satisfeita porque a interlocução com o governo melhorou “1.000%”. Também se impõe no Congresso a bancada evangélica que consegue rejeitar projetos que são contrários aos seus interesses mas para movimentos sociais significam retrocesso. Neste último caso, se insere o estatuto do nascituro que pode extinguir a lei do aborto legal.