MPF pede suspeição de Moro para julgar Lula e apresenta 9 razões
Parecer da subprocuradora-geral da República, Aurea Maria Etelvina Nogueira Lustosa Pierre, divulgado nesta quarta-feira (20), aponta 9 razões para que o Superior Tribunal de Justiça julgue pedido de suspeição do juiz Sergio Moro.
Publicado 21/09/2017 10:48
O documento acata o pedido feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo do caso do apartamento do Guarujá (SP). Agora, a decisão final é do STJ.
Para a representante do Ministério Público, entre outras razões para a suspeição de Moro estão a “linguagem de certeza da condenação”, “tratamento indevido ao acusado”, além de imagens extraídas das redes sociais e a publicações em que o juiz aparece ao lado do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e outras figuras adversárias políticas do ex-presidente.
A subprocuradora questiona, por exemplo, a imparcialidade de Moro ao julgar Lula por conta de diversas declarações que denotariam que ele tem o ex-presidente como seu adversário.
A defesa de Lula destacou a participação de Moro em um evento da IstoÉ, revista que a própria procuradora classifica como “tendenciosa” e “desrespeitosa” com relação à Lula e cita fotos, no mesmo evento, em que Moro posa ao lado de adversários declarados do petista.
A subprocuradora também cita a situação em que Moro permitiu que uma testemunha chamasse o petista de “lixo” durante uma audiência e ainda liberar o vídeo para a imprensa para “ampla divulgação”.
Ela também aponta o comportamento fora do comum da conduta de um magistrado ao agradecer à população pelas manifestações em seu apoio durante ato em defesa do impeachment e relacionadas a processos contra Lula que estão sob sua jurisdição e ainda em trâmite.
Em outro trecho, a subprocuradora ainda destaca: “É suspeito o juiz que faz palestras no Brasil e no exterior – eventualmente remuneradas – para tratar de assunto que está sob sua jurisdição e é objeto de ações pendentes de julgamento”.
No último dia 13, ao depor pela segunda vez ao juiz Moro, o ex-presidente Lula questionou se ele poderia dizer aos seus familiares que foi a Curitiba “prestar depoimento a um juiz imparcial”. Moro afirmou: “Primeiro, não cabe a senhor fazer esse tipo de pergunta pra mim, mas, de todo modo, sim”.
Lula rebateu: “Mas não foi o procedimento na outra ação”, referindo-se à condenação em primeira instância pelo suposto tríplex do Guarujá. Moro mudou o tom de voz, revelando sua irritação com a afirmação do ex-presidente, e disse: “Eu não vou discutir a outra ação. Se nós fôssemos discutir, não seria bom para o senhor”.
Confira algumas das questões suscitadas pela subprocuradora:
1 – Na APn 5046512-94.2016.404.7000 – linguagem de certeza de condenação no recebimento da Denúncia (Apartamento 164-A);
2 – Na mesma Decisão esclarecimento sobre a Denúncia apresentada pelo MPF – quanto à individualização da responsabilidade;
3 – Evento em 06/12/216, Revista IstoÉ – fotografia trazida;
4 – A defesa do magistrado na Queixa-Crime apresentada;
5 – Vídeo com divulgação em redes sociais – figurando o magistrado com membros do órgão de acusação;
6 – Brasil apresentou informações em 27/01/2017 ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, referente à comunicação do Agravante em 28/7/2016;
7 – Em audiência de 16/12/2016, permitido o tratamento indevido para com o Acusado;
8 – O magistrado após audiência, fora da gravação, dirigiu provocação ao Advogado do Agravante;
9 – Inquirição de Testemunhas com potencial de prejudicar o Acusado.