Trump não poupa ataques à Venezuela na Assembleia Geral da ONU
Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU nessa terça-feira (19), em Nova York, o presidente norte-americano Donald Trump atacou a Venezuela, acusando o governo de Nicolás Maduro de corrupção, além de não deixar de lado a possibilidade de uma intervenção dos EUA no país.
Publicado 19/09/2017 16:12
Segundo Trump, os EUA, que indicou como “país responsável e amigo”, estão preparados para tomar ações adicionais caso Maduro continue sua “escalada autoritária” e pediu a “restauração da democracia e da liberdade” no país latino-americano. “A situação na Venezuela é completamente inaceitável e não podemos ficar parados olhando”, disse diante de representantes dos 193 estados-membros da ONU. Ele ainda declarou que alguns países estariam indo para o “inferno”, mas que a ONU poderia ajudar a resolver.
É a primeira vez em mais de 100 anos que um presidente norte-americano ameaça invadir militarmente a América do Sul.
Trump chamou o governo de Nicolás Maduro de “corrupto” e acusou a gestão do presidente venezuelano de prejudicar a população, “impondo uma ideologia que gerou pobreza e miséria em todos os lugares onde chegou”. “O povo venezuelano está faminto e seu país está entrando em colapso. A ditadura socialista de Maduro provocou uma dor terrível e sofrimento ao povo desse país”, afirmou Trump, classificando o governo venezuelano como “terrível ditadura”, apesar de Maduro ter sido eleito na Venezuela por voto direto.
Vale destacar que desde a vitória de Hugo Chávez, em 1998, aconteceram 20 eleições na Venezuela; destas, a oposição venceu apenas duas. Todas as outras 18 foram vencidas pelo projeto da Revolução Bolivariana que, ao longo destes quase 20 anos, usou recursos públicos para distribuir renda e reduzir as desigualdades, além de ampliar o acesso irrestrito à educação pública de qualidade e à saúde gratuita.
Os EUA aplicaram uma série de sanções contra a Venezuela para punir o governo de Maduro, o que configura em bloqueios econômicos e diplomáticos que prejudicam o país em negociações bilaterais com outros países. Entre outras coisas, as transações bancárias e a entrada de medicamentos e de alimentos no país foram duramente afetadas.
Trump ainda disse que Maduro “desafiou o povo” promovendo uma Assembleia Constituinte para “preservar seu desastroso governo”. Segundo dados da Comissão Nacional Eleitoral venezuelana, mais de 8 milhões de venezuelanos votaram na eleição legítima da Assembleia, o que representa 41,5% dos eleitores registrados. O número foi superior aos 7 milhões de votos que elegeram a maioria oposicionista ao governo de Maduro no parlamento, durante as eleições para compor o Congresso Nacional em 2016.
Temer sobre a Venezuela
O presidente Michel Temer (PMDB) pareceu não querer se comprometer quanto à questão venezuelana, apesar de endossar a postura norte-americana de oposição ao governo de Nicolás Maduro.
“As pessoas querem que lá se estabeleça a democracia. Não querem uma intervenção externa, naturalmente, mas querem manifestações que se ampliem de maneira a pressionar a solução democrática na Venezuela”, disse o presidente brasileiro, apesar da declaração em que Trump afirmou que os Estados Unidos não podem assistir passivamente à “situação inaceitável” na Venezuela.
Na mira de Trump: Venezuela, Irã e Coreia do Norte
O presidente norte-americano usou um discurso de 41 minutos para apontar também as ambições nucleares e influência regional do Irã e a ameaça de extremistas islâmicos.
Entretanto, suas palavras mais fortes foram direcionadas à Coreia do Norte. Ele pediu que os países-membros da ONU trabalhem juntos para isolar o governo de Kim Jong Un, a quem chamou de “homem-foguete”, até que ele interrompa o comportamento “hostil”. Ameaçou, ainda, que os EUA serão “forçados a destruir completamente a Coreia do Norte” caso o país asiático continue a desenvolver armamentos.