Dilma afirma que Temer pode se tornar irrelevante
Em entrevista à Folha de São Paulo, Dilma Rousseff falou sobre seu afastamento a um ano e sobre o período em que Michel Temer está no exercício da presidência da República. Para ela, o presidente ilegítimo governa para agradar o chamado mercado e, com isso, se afasta ainda mais dos interesses do povo. Rejeitado e em vias de ser novamente denunciado pelo Ministério Público, Temer pode ter dificuldades de conquistar o apoio de parlamentares preocupados com a eleições de 2018.
Publicado 02/09/2017 13:56
Um ano depois de ter sido vítima de um golpe jurídico-midiático-parlamentar, a presidenta Dilma Roussef afirma que os golpistas “não mediram as consequências de tirar uma presidente eleita sabendo que não havia crime de responsabilidade”. Para Dilma, os que a acusavam de haver feito a chamada “pedalada fiscal”, prometiam superar a crise, que o investimento estrangeiro estariam de volta e que a crise de confiança desapareceria. O que se viu foi o agravamento da situação e o aumento do déficit fiscal, que pode chegar a R$ 180 bilhões e ainda terão que aumentar os impostos.
Dilma admite que teve dificuldades de superar a crise econômica que se agravou no início do seu segundo governo. Nega, porém, que programas como Fies e Ciência sem Fronteiras possam ser responsabilizados pelo aumento dos gastos públicos. Lembra que o Fies é baseado em crédito e que o Ciência sem Fronteiras custava R$ 3 bilhões, “que é o que gastaram agora comprando voto na Câmara”, afirmou. Dilma afirma, assim, que “o subsídio para o povo brasileiro foi bem correspondido. O que não foi bem correspondido foi a redução de impostos da indústria”. Segundo ela, o objetivo ao conceder subsídios para a indústria era trocar a desoneração pela manutenção de empregos. Entretanto, o setor preferiu aumentar a margem de lucro.
Sobre o fato da Câmara dos Deputados haver livrado Temer da denúncia de corrupção, Dilma afirmou que os mesmos que a condenaram absolveram o presidente ilegítimo. E ironizou: “Foi uma decisão ideológica comprada a peso de ouro”. A presidenta prevê que a rejeição de Temer deverá aumentar à medida que seu governo precisa atender aos interesses do poder econômico. “O Temer precisa se legitimar diante do mercado, entregando o que prometeu. Quanto mais ele busca isso, mais ilegítimo fica diante da população”, afirmou. Diante dessa situação, os deputados temem absolver o presidente ilegítimo de uma novo denúncia a ser feita pela Procuradoria Geral da República, às vésperas das eleições de 2018 e podem abandona-lo para que não comprometam suas reeleições. “Hoje o governo corre um risco imenso, que é o da irrelevância”, sentencia Dilma.