Farc denunciam ameaças contra dirigentes da guerrilha
Um dos comandantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo), Iván Márquez, denunciou nesta terça-feira (25) que os dirigentes da guerrilha – já desmobilizada e desarmada – receberam ameaças de morte do paramilitarismo. Agora exigem novas medidas de proteção do governo de Juan Manuel Santos.
Publicado 26/07/2017 09:47
Iván denunciou as ameaças de morte contra dirigentes das Farc durante uma coletiva de imprensa em Bogotá, ele estava acompanhado de outros dois membros do Estado-maior Central das Farc, Carlos Antônio Lozada e Erika Moreno.
Segundo Iván, o governo da Colômbia é o responsável por investigar as emaças contra os líderes da guerrilha e trabalhar para deter as ações da “guerra suja” provocada pelo paramilitarismo. “Eles [os paramilitares] não estão matando só dirigentes políticos e defensores dos direitos humanos, também estão matando guerrilheiros indultados e seus familiares”, denunciou.
Iván garantiu que a Comissão de Verificação de Implementação do Acordo de Paz, assinado com o governo de Juan Manuel Santos, já está a par das ameaças recebidas. Aproveitou também o contato com a imprensa para enviar um recado aos paramilitares e pedir que “reflitam sobre as ações criminosas”.
“Seria muito triste se tivéssemos que voltar aos tempos em que uma alternativa da oposição, como foi a União Patriótica, foi aniquilada fisicamente”, disse o dirigente em referência ao massacre ocorrido nos anos 80 quando 5 mil membros desta organização política foram assassinados em poucos dias a fim de “exterminar” os opositores políticos da direita.
Novo movimento político em setembro
Os 61 membros do Estado-Maior Central das Farc estão reunidos na capital colombiana desde domingo (23), com o objetivo de analisar a implementação do acordo de paz, bem como as teses políticas que vão apresentar no congresso, marcado para a última semana de agosto, em que será constituído um novo movimento político. A apresentação pública deste movimento será feita no dia 1º de setembro. Agora que as Farc deixaram de ser uma guerrilha armada, atuarão na Colômbia como uma força política consolidada.
Durante a coletiva de imprensa, Lozada afirmou que esta será a última plenária do Estado-maior Central das Farc. Iván ressaltou que ao se desmobilizar a guerrilha aceitou trocar “as balas por votos” e está empenhada no processo de de “deixar as armas e se envolver com tudo na política”.
Ainda assim, Márquez, que integrou a equipe de negociadores da guerrilha na mesa de conversações em Havana, mostrou apreensão por eventuais tentativas de modificação do que foi acordado em e, depois, ratificado pelo Congresso.