Arruda Bastos: O incompetente Ministro da Saúde “não se emenda”
“Na ocasião, de forma afrontosa, textualmente disse que as prefeituras precisam ‘parar de fingir que pagam o médico, e o médico precisa parar de fingir que trabalha’. São palavras de quem desconhece a realidade e o trabalho dos médicos, dos outros profissionais e de como funciona a saúde pública no Brasil.
Por *Arruda Bastos
Publicado 17/07/2017 10:31 | Editado 04/03/2020 16:23
Desde a indicação de Ricardo Barros para o Ministério da Saúde, tenho escrito acerca da sua incompetência e falta de condições para ocupar tão relevante e importante cargo. Não poupei, em nenhum artigo, a figura de Temer, o seu mentor, chefe maior, responsável único pela sua investidura e manutenção na função. Os dois estão umbilicalmente ligados e não é possível diferenciá-los na crítica, afinal de contas, o primeiro não seria Ministro da Saúde se não fosse pelo segundo.
A última do despreparado Ministro foi o seu discurso no Palácio do Planalto em solenidade patrocinada por Temer com a participação de diversos prefeitos. Na ocasião, de forma afrontosa, textualmente disse que as prefeituras precisam “parar de fingir que pagam o médico, e o médico precisa parar de fingir que trabalha”. São palavras de quem desconhece a realidade e o trabalho dos médicos, dos outros profissionais e de como funciona a saúde pública no Brasil.
A sua declaração absurda despertou a indignação de várias instituições da classe médica, as quais se manifestaram publicamente. Contudo, a pergunta que não quer calar é por que algumas entidades médicas esconderam Temer nas suas manifestações. É o caso do CFM (Conselho Federal de Medicina), AMB (Associação Médica Brasileira) e Sindicato dos Médicos do Ceará, que nas suas notas de repúdio em resposta às baboseiras do ridículo engenheiro Ministro sequer citaram o nome de Temer. Logo ele que é o responsável direto pela situação caótica da saúde pública atualmente no Brasil.
Lendo e relendo as notas das entidades, não encontrei uma única palavra referente à política do presidente em relação ao SUS, à destruição das Farmácias Populares, à redução de recursos e outros desatinos da gestão. A impressão que transparece é que o Ministro “caiu do céu” diretamente no Ministério, que não pertence a nenhum partido político e não foi nomeado e mantido neste tão importante cargo por Temer. As manifestações deixam escapar subliminarmente que o maior mandatário da nação não tem nada com o caos reinante.
Acredito que o fato em análise não foi proposital, e sim talvez um esquecimento devido à pressa em publicar o justo repúdio da nossa categoria a tão infame assertiva do Ministro. Não creio que o cuidado em não pronunciar Temer se deva a questões ideológicas ou ainda a resquícios das últimas eleições, quando parte das entidades signatárias apoiaram ativamente a campanha de Aécio Neves e, logo depois, o impeachment da presidenta Dilma. Temer, com certeza, decepcionou a todos.
Digo que chegou a hora da união das entidades, dos seus membros, de todos os profissionais e do povo em prol de uma saúde de qualidade, a favor do SUS, contra a corrupção e a incompetência do governo. O posicionamento em relação às reformas trabalhista e da previdência e às leis da terceirização, danosas aos trabalhadores, profissionais da saúde, deve ser também explicitada.
Não temos mesmo nada a comemorar no governo Temer. Ele foi o responsável direto pela aprovação da Lei do Teto de Gastos, que congelou os recursos da saúde, da educação, da segurança e de outras áreas vitais. Os resultados estamos sentindo agora, com a redução das atividades da Polícia Rodoviária Federal, da emissão de passaportes, de recursos para hospitais, medicamentos, postos de saúde, universidades públicas e muito mais. Ele também está denunciado pelo Ministério Público Federal por corrupção passiva, deve ser afastado e é rejeitado por mais de 93% dos brasileiros.
Vamos agora, juntos, exigir a saída do incompetente Ministro da Saúde, Ricardo Barros, e também do corrupto Michel Temer, seu único patrono.
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*Arruda Bastos é médico, professor universitário, membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores, radialista, ex-secretário da Saúde do Ceará, e um dos coordenadores do Movimento Médicos pela Democracia.
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