Silêncio de Cunha em depoimento aumenta especulação sobre delação
O deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) decidiu usar o seu direito de permanecer em silêncio, nesta sexta-feira (14), durante depoimento à Polícia Federal no âmbito da Operação Cui Bono, em Curitiba. A investigação apura esquema de fraudes na Caixa Econômica Federal.
Publicado 14/07/2017 13:39

Segundo o advogado de Cunha, não há acordo de delação sendo negociado, mas não explicou o motivo do silêncio no depoimento, que tem sido uma prática de investigados da Lava Jato justamente para não atrapalhar as negociações da delação.
A operação Cui Bono, que investiga Cunha, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o doleiro Lúcio Funaro, entre outros, apura suposto esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal entre os anos de 2011 e 2013 – período em que Geddel ocupou a vice-presidência de Pessoa Jurídica do banco.
Deflagrada em 13 de janeiro, a investigação teve origem na análise de conversas registradas em um aparelho de telefone celular apreendido na casa do então deputado Eduardo Cunha. O teor das mensagens indicam que Cunha e Geddel atuavam para garantir a liberação de recursos por vários setores da CEF a empresas, que, após o recebimento, pagavam vantagens indevidas aos dois e a outros integrantes do esquema, entre eles Fábio Cleto.
Cleto, que ocupou por indicação de Eduardo Cunha a vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias, foi quem forneceu as primeiras informações aos investigadores. Em meados do ano passado, ele fechou acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR).
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), em conversas datadas de 2012, por exemplo, os envolvidos revelam detalhes de como agiram para viabilizar a liberação de recursos para sete empresas e um partido político. Entre os beneficiados do esquema ilícito aparecem companhias controladas pela holding J&F, cujos acionistas firmaram recentemente acordo com o MPF.
O aprofundamento dos indícios descobertos com a análise do conteúdo armazenado no aparelho telefônico apreendido permitiu aos investigadores constatarem intensa e efetiva participação de Geddel Vieira Lima no esquema criminoso.