Proibido em Madri, “ônibus da transfobia” chega ao Chile
Sete pessoas foram detidas nesta segunda-feira (10) durante um protesto contra a circulação de um ônibus em Santiago, no Chile, trazendo mensagens transfóbicas. Manifestantes chilenos foram reprimidos pela polícia ao tentar bloquear o veículo que integra a campanha de um grupo ultracatólico espanhol contra as pessoas transgênero.
Publicado 12/07/2017 10:08
As forças policiais da capital chilena usaram cães e jatos de água para dispersar o protesto e abrir caminho para o ônibus, trazido ao país pela organização conservadora Pais Objetores do Chile e pelo Observatório Legislativo Cristão. O veículo faz parte de uma campanha da organização ultracatólica espanhola Hazte Oír e foi banido em Madri, onde circulou em fevereiro.
“Os meninos têm pênis. As meninas têm vulva. Que não te enganem. Se nasces homem, és homem. Se és mulher, seguirás sendo”, era a mensagem estampada nas laterais do veículo, chamado pelos organizadores de “ônibus da liberdade”. O coletivo também faz referência ao livro lançado em 2014 pelo Movilh (Movimento de Liberação Homossexual), organização chilena pelos direitos LGBT, chamado "Nicolás tiene dos papás" ("Nicolás tem dois papais"), com a frase “Nicolás tem direito a um papai e uma mamãe”.
Como forma de protesto, o Movilh circulou pelas ruas um ônibus azul, batizado de “ônibus da diversidade”, com frases do escritor Pedro Lamebel e da poeta Gabriela Mistral em favor do respeito a crianças transgênero.
Paula Narváez, porta-voz do governo chileno, disse que o Executivo de Michelle Bachelet se opõe à iniciativa ultraconservadora. "Em vez de se chamar ‘ônibus da liberdade’, deveria se chamar ônibus da intolerância e do desrespeito dos direitos de todos e de todas", afirmou.
Tereza García, porta voz do grupo Hatze Oir, afirmou que a intenção é “denunciar que existem projetos e leis governamentais que obrigam a educar as crianças em um determinado comportamento afetivo e sexual e que os pais têm direito de decidir sobre essa educação”.
Madri
Em fevereiro, o “ônibus da liberdade” foi lançado em Madri e teve sua circulação interrompida pela prefeitura da capital espanhola. A campanha sofreu críticas do governo e de movimentos sociais.
Segundo a porta-voz da prefeitura, o veículo trazia uma campanha de ódio e, por isso, descumpria regras de “mobilidade e publicidade”.