Comunistas sul-africanos debatem rumos da aliança de governo
Realiza-se de 10 a 15 de julho o 14º Congresso do Partido Comunista Sul-Africano (PCSA), em Pretória, em meio a acalorados debates sobre a permanência dos comunistas na coalizão que governa o país desde 1994, em aliança com o Congresso Nacional Africano e a central sindical Cosatu.
Publicado 12/07/2017 12:57
De acordo com o secretário de Política e Relações Internacionais, José Reinaldo Carvalho, o PCdoB, “a trajetória do PCSA na luta contra o colonialismo, o racismo e o imperialismo legou ao movimento revolucionário e comunista páginas de brilhante heroísmo e abnegação”.
O PCSA, teve um grande papel sem o qual “não teria ocorrido a gloriosa revolução popular e democrática que derrotou o odioso regime do apartheid”.
O vice-presidente da África do Sul e do Congresso Nacional Africano, Cyril Ramaphosa, discursou nesta quarta-feira (12) no Congresso do Partido Comunista sulafricano que se realiza em Pretória. Ele disse que os inimigos da revolução sempre consideraram uma ameaça a aliança tripartite de governo estabelecida em 1994 com a sentral Sindical Cosatu e o Partido Comunista.
O dirigente exortou os delegados comunistas a resistir aos intentos de destruir essa aliança “construída com sangue e luta”.
Destruir a aliança seria um grave erro histórico, sublinhou, e assinalou que “nunca devemos tomar decisões em momentos de raiva”, referindo-se aos debates no seio do Partido Comunista sobre uma possível saída da aliança de governo devido aos alegados casos de corrupção.
Ramaphosa se referiu também ao diagnóstico sobre o estado do CNA apresentado pelo secretário geral da organização, Gwede Mantashe, na recente 5ª Conferência Política.
Naquele informe, disse o vice-presidente, assinala-se como as estruturas e programas do governo sul-africano foram minados pela competição por recursos, a corrupção e a ingerência em instituições do Estado por famílias, indivíduos e empresas.
O dirigente criticou severamente a empresa britânica de relações públicas Bell Potinger, contratada pela poderosa família de empresários de origem indiana Guptas, por orquestar uma campanha de propaganda racial voltada para o objetivo de obter benefícios políticos de acordo com seus interesses privados.
É preocupante – disse – que essa empresa tenha sido capaz de envenenar o discurso político sul-africano para fazer avançar os interesses estreitos de seus clientes.
Apontou que inclusive enquanto na Conferência Política do CNA esses temas vinculados à corrupção eram analisados, chegavam novas informações “sobre o saque de empresas estatais e como pessoas em posições de responsabilidade se beneficiaram de ações que no mínimo podem ser qualificadas de imorais, ou mesmo de criminosas”.
Expressou que essas ações tiveram “um impacto negativo em nossa economia, em nosso Estado e no bem-estar de nosso povo” e exortou a atuar de imediato para prevenir mais danos”.
O dinheiro roubado tem que ser recuperado e os funcionários envolvidos não serão protegidos – afirmou.
Na opinião de Ramaphosa estes acontecimentos “dizem muito sobre nossa falta de coesão política e clareza ideológica… e alguns entre nós foram tão crédulos… tinham tanta fé nas palavras de ordem que foram elaboradas em Londres e trazidas para cá a fim de nos confundir… É uma vergonha para nós”.