Senadoras ocupam a mesa do Senado contra reforma trabalhista
Em protesto contra a reforma trabalhista, as senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB), Fátima Bezerra (PT-RN) e Gleisi Hoffman (PT-PR) ocuparam a mesa como forma de resistir ao retrocesso proposto pelo governo de Michel Temer.
Publicado 11/07/2017 12:51
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), tomou o microfone da senadora Fátima e tentou retirar as demais senadoras da mesa, mas sem sucesso. Ele, então suspendeu a sessão e mandou desligar o som. A transmissão ao vivo também foi suspensa. A temperatura se elevou e alguns parlamentares partiram para ofensas e o empurra-empurra deu início.
“Está encerrada a sessão e não tem som enquanto não sentarmos nesta Mesa. Esta suspensa a sessão”, disse Eunício, que mandou fechar todas as entradas de acesso ao plenário e cercou o lugar de seguranças, proibindo qualquer novo acesso à sala.
O presidente do Senado deixou o local por volta de 12h20, rumo ao gabinete da Presidência, e disse que a sessão estava encerrada e que, inclusive, as luzes seriam apagadas e microfones desligados. Cinco minutos após, as luzes no plenário foram parcialmente apagadas. O painel eletrônico marcava a presença de 49 dos 81 senadores no plenário.
A oposição atua em obstrução para tentar barrar a votação da reforma trabalhista prevista para esta terça-feira. ”Não há clima para esta reforma trabalhista”, disse o senador Lindbergh Farias (PT/RJ).
Antes, as senadoras se revezavam na tribuna discursando contra a aprovação do projeto. “Eu queria saudar a mesa e dizer que esta sessão presidida pelas mulheres é em homenagem às mulheres que estão resistindo à reforma trabalhista ou às mulheres que, se essa reforma for aprovada, perderão seus direitos duramente conquistados na história”, afirmou Gleise Hoffmann, em discurso na tribuna.
“O que nós queremos é mudar esse projeto aqui no Senado”, pede a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), propondo um acordo para que os senadores aprovem as emendas apresentadas ao projeto. No acordo com a base aliada, o governo estabeleceu que nenhuma mudança ao texto seria aprovada, para que o projeto não retornasse à Câmara, como estabelece a Constituição. Nem mesmo as alterações apontadas pelo relator, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), foram admitidas, se limitando a apenas recomendar o veto presidencial.
Vanessa lembrou que o projeto foi votado em abril pela Câmara dos Deputados sem que a maioria dos parlamentares soubesse o que era, o que significa esse projeto. Com a cartilha distribuída pelo governo para defender a reforma em mãos, Vanessa afirmou que o título do material publicitário nada tem haver com a realidade da proposta e as consequências para os trabalhadores.
“Olha o título: ‘Modernização trabalhista’. E diz embaixo: ‘Conheça as principais mudanças’. Não colocam aqui, nesta cartilha, as principais mudanças”, frisou a senadora.
E acrescenta: “Eu faço um desafio: localizem, nesta cartilha, onde ela trata da nova forma das relações de trabalho; onde ela trata disto e se refere e explica o que venha a ser autônomo exclusivo e contínuo. E aqui está, no meio da cartilha: novas oportunidades de contratação. Aqui fala do trabalho parcial, fala do trabalho intermitente e não fala do autônomo exclusivo e contínuo. Então, muitos deputados e deputadas votaram sem saber no que estavam votando e hoje estão arrependidos, porque estão sofrendo nas suas bases, não estão tendo como explicar para a população trabalhadora mais simples, mais pobre por que votou a favor da retirada de direitos”.