Hélio Leitão: O exterminador do futuro
"Mais uma vez, o mundo é surpreendido com as bobices de Trump que, fazendo ouvidos moucos à opinião majoritária de seu próprio povo e à comunidade internacional”.
Por *Hélio Leitão
Publicado 03/07/2017 09:32 | Editado 04/03/2020 16:23

O título desta intervenção mensal nas páginas do O POVO foi tomado de empréstimo ao conhecidíssimo filme do diretor James Cameron, sucesso de bilheteria na primeira metade dos anos 1980. O enredo improvável traz a história de um ciborgue, interpretado pelo ator Arnold Schwarzenegger, mandado vir, por artes da ficção científica, do ano 2029 ao ano 1984, com a missão de assassinar Sarah Connor, mãe do personagem John, líder da sublevação dos humanos em um mundo dominado pelas máquinas e que caminhava para o holocausto nuclear. Numa volta ao passado, buscava-se mudar o futuro.
Oscar Wilde, em máxima célebre, vaticinou que “A vida imita a arte muito mais do que a arte imita a vida”, alusão que me parece aqui pertinente (embora o filme a que referi, como arte cinematográfica, não seja lá grandes coisas), a propósito da mais recente bravata arremessada pelo presidente Donald Trump ao mundo: cancelamento unilateral do acordo de distensão política e econômica entre os Estados Unidos da América e a pequenina Cuba.
Um dos últimos e mais importantes atos de política externa da administração Obama, anunciado em fins do ano de 2014 e fruto de mediação diplomática do Vaticano, a aproximação entre os dois países foi saudada como símbolo de superação do que ainda resta da guerra ideológica que por décadas bipartiu o mundo.
Finalmente, acreditava-se, o Tio Sam deixaria de promover a asfixia econômica da ilha, até então uma verdadeira obsessão da diplomacia estadunidense há décadas.
Mais uma vez, o mundo é surpreendido com as bobices de Trump que, fazendo ouvidos moucos à opinião majoritária de seu próprio povo e à comunidade internacional, procura, com esse gesto irresponsável de afago à extrema direita norte-americana e ao exilados cubanos opositores do regime, cuja expressão política máxima é o senador republicano Marco Rubio, travar a roda do tempo.
No filme, o exterminador perde a parada, como acontece com tantos quantos se colocam na contracorrente da história.
*Hélio Leitão é advogado.
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