Após primárias, Chile define os candidatos para a Presidência
O empresário e ex-presidente Sebastián Piñera, os jornalistas Alejandro Guillier e Beatriz Sánchez e a assistente social Carolina Goic são os principais candidatos para suceder Michelle Bachelet na Presidência do Chile, após as eleições primárias realizadas neste domingo (3) no país.
Publicado 03/07/2017 14:06
Sánchez e Piñera venceram, cada um por sua coalizão, as primárias que tiveram participação acima do esperado, com 1,8 milhão de eleitores comparecendo para votar – o voto não é obrigatório no Chile. Na eleição que acontece em novembro, a jornalista será a candidata coalizão de esquerda Frente Ampla, que disputa a Presidência pela primeira vez e teve 327 mil votos nas primárias. Ela foi escolhida por 67,56% dos votantes contra 34,44% alcançados pelo sociólogo Alberto Mayol.
“Hoje começa uma nova história da história política do Chile”, declarou Sánchez após a vitória. “Um terceiro bloco começa a disputar o poder. Eles sabem e nos temem”, afirmou, em referência às grandes coalizões de direita e de centro-esquerda que costumam se revezar no poder no país. A jornalista acrescentou que pretende "derrotar o poder do dinheiro" e que o seu será “o primeiro governo feminista do Chile” caso vença em novembro.
Já o ex-presidente Piñera (2010-2014) será o candidato da frente de direita Chile Vamos, que agrupa as legendas União Democrata Independente (UDI), Renovação Nacional (RN), Partido Regionalista Independente (PRI) e Evópoli. Piñera, que lidera as pesquisas de intenção de voto para novembro, derrotou com 58,36% nas primárias seus oponentes, o senador Manuel José Ossandón (26,40%) e o deputado Felipe Kast (15,40%). No total, a Chile Vamos teve 1,4 milhão de votos.
Após vencer as primárias, o ex-mandatário e atual candidato disse que a Nova Maioria e a Frente Ampla propõem “um caminho equivocado” para o Chile. “Isso vai levar a mais desemprego, mais delinquência, mais paralisia. Nossa opção representa mudar o que está ruim”, declarou.
A governista Nova Maioria concorre pela primeira vez na história desta coalizão surgida da Concertación com dois candidatos presidenciais em separado: o senador e jornalista Alejandro Guillier, que sai com o apoio dos partidos de centro-esquerda da coalizão, e a senadora Carolina Goic, presidenta da Democracia Cristã e assistente social por profissão, que vem pela direita.
Guillier deixou para trás na corrida presidencial destacados políticos, como o ex-presidente Ricardo Lagos e o ex-chanceler e ex-secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) José Miguel Insulza, que para concorrer teve de renunciar como agente do Chile na Corte Internacional de Justiça da Haia para a demanda boliviana.
A inesperada indicação de Guillier como pré-candidato presidencial do Partido Socialista, em detrimento de um veterano militante como Lagos, foi justificada pelo fato de que tinha mais apoio nas pesquisas. O ex-apresentador de televisão também recebeu o apoio de novas forças do oficialismo, como os partidos Radicais, Comunista e Pela Democracia.