Publicado 27/06/2017 18:07
Trôpego, porém de pé.
Apenas 7% da população brasileira o apoia, mas persiste.
Assim é Michel Temer. E por que não cai?
Ele ainda se apega ao uso esperto de duas moedas de troca.
Uma é que o destino do seu governo está nas mãos do Mercado. A agenda regressiva de direitos e de direcionamento neoliberal para a economia – cânones do Mercado financeiro – precisa de um governante que, mesmo no fundo do poço, se empenhe em executá-la a qualquer custo.
É a tarefa “modernizante” a que se refere próprio Temer em seus sucessivos e atabalhoados pronunciamentos.
A outra moeda é o relacionamento “fisiológico” com grande parte da base governista no parlamento, que troca o voto nas reformas antipopulares por cargos na máquina pública e outros favores imediatos.
Nessa seara Temer sempre se moveu muito bem. Sua trajetória ascendente no parlamento e na máquina peemedebista decorre daí.
E para o próprio Temer não há alternativa senão resistir, pois uma vez apeado do poder de imediato poderia ser preso, tal a gravidade das denúncias comprovadas de ato de corrupção e de interceptação de investigações contra si e seu grupo de que é alvo.
A viagem internacional que fez na semana passada em busca de agenda positiva mostrou-se tremendo fiasco.
Na Rússia, foi recebido no aeroporto pelo vice-ministro das Relações Exteriores. Na Noruega, pelo chefe da segurança do aeroporto. Tratamento de terceira classe para quem governa um país da importância geopolítica do Brasil.
E ainda ouviu acovardado admoestações da primeira-ministra norueguesa, que ousou se intrometer em questões internas do Brasil, sentindo-se à vontade diante de um energúmeno.
Lamentável, sob todos os títulos!
E o impasse prossegue. Com as três denúncias sequenciadas da Procuradoria-Geral da República, o presidente seguirá exposto à execração pública.
Nesse ambiente, a greve geral convocada para o próximo dia 30 haverá de reforçar mais ainda a resistência popular.
* Luciano Siqueira é médico, membro do Comitê Central do PCdoB e vice-prefeito de Recife