Lula: "Já provei a minha inocência, agora eles provem a minha culpa"
"Espero que o juiz [Sergio] Moro leia os autos do processo para que possa, definitivamente, anunciar ao Brasil a minha inocência", afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (20).
Publicado 20/06/2017 10:27
Lula voltou a criticar as reformas do governo de Michel Temer , afirmando que ambos os projetos que tramitam no Congresso Nacional representam a retirada de conquistas do povo. Ele também não poupou críticas aos meios de comunicação, principalmente à Rede Globo.
"Eles fizeram um golpe prometendo que iriam salvar o Brasil, inclusive com a participação de alguns meios de comunicação, como a Rede Globo de televisão que cobriu uma passeata contra o governo ao vivo, coisa que nunca fez na vida. A promessa de que o Brasil ia melhorar não aconteceu. O Brasil piorou", enfatizou Lula.
E acrescenta: "O Brasil para ter uma solução precisa que o povo volte a eleger um presidente, pois somente com um presidente eleito democraticamente terá autoridade moral e política de tentar consertar o Brasil".
Sobre a decisão que deverá ser proferida pelo juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, em ação que trata sobre o chamado triplex do Guarujá, que os procuradores afirmam ser do ex-presidente, ele disse: "Já provei a minha inocência, quero que eles agora provem a minha culpa".
"Se pegar a peça de acusação [do MPF], você vai perceber que é uma piada, não é uma acusação", acrescentou. Para Lula, os "procuradores da Lava Jato deveriam ser exonerados por terem fabricado uma mentira".
"Eles inventaram uma grande mentira, junto com os meios de comunicação, sobretudo com a Globo, e agora eles não sabem como sair da mentira que eles contaram. A peça de acusação que eles entregaram ao juiz Moro na semana passada você vai perceber que é uma piada, não é uma acusação", destacou.
Os advogados de Lula, Cristiano Zanin Martins e Valeska Teixeira Martins afirmam que se trata de um "julgamento político com verniz jurídico, um autêntico 'trial by mídia', sob a égide de violações e ilegalidades".
Nas alegações finais da defesa, os advogados afirmam que demonstram a inocência do ex-presidente, "que se assenta sobre prova real e palpável".
"A absolvição é o único resultado possível da apreciação racional, objetiva e imparcial da prova encartada aos autos. Nesta terça podemos apontar o real dono do imóvel", afirmam os advogados por meio de nota.
Segundo eles, o apartamento 164 A, do edifício Solaris, está em nome da OAS Empreendimentos S/A, mas, desde 2010, quem detém 100% dos direitos econômico-financeiros sobre o imóvel é um fundo gerido pela Caixa Econômica Federal. "Nada vincula Lula ao imóvel, onde esteve uma única vez, em 2014, como potencial interessado em sua aquisição. Jamais teve as chaves, o uso, gozo ou disposição da propriedade", destacam.
"Prova da anomalia jurídica que envolve esse caso, em que a presunção de inocência é solenemente violada, foi a defesa que investigou os fatos, destrinchando, após diligências em vários locais do país, essa operação imobiliária executada pela construtora. O resultado afasta a hipótese da acusação", enfatizam.
De acordo com a defesa, criou-se um "contexto" de "macrocorrupção" com um "comandante" como forma de amplificar o foco de corrupção apurado em 2014, mas o MPF não "seguiu o caminho do dinheiro" pela impossibilidade de provar sua tese.
"A tese da "propinocracia" nem cabe nos autos. A usurpação da competência pelos procuradores de Curitiba é uma afronta ao Supremo Tribunal Federal", reforçam.