Lula: “O que Temer está fazendo não é reforma, é demolição”
Em entrevista à rádio Difusora do Maranhão, nesta quarta-feira (14), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre os desafios que o país enfrenta e disse não se opor a reformas para modernizar a legislação, mas é contra, sim, a destruição que o governo atual está promovendo nos direitos trabalhistas e a Previdência.
Publicado 14/06/2017 11:08
Lula enfatizou que não é contra reformas que venham adequar a lei à realidade do século 21. “O que não pode é destruir, e o que o governo Temer está fazendo é uma demolição.”
Para Lula, essa reforma trabalhista está no caminho de destruir todos os direitos trabalhistas conquistados desde a década de 1940, “deixando o trabalhador numa situação de quase escravidão. Eles querem que a gente volte àquele período”.
“O conselho que eu dou para os economistas do governo é: se quiserem resolver o problema da Previdência, resolvam primeiro o problema da economia, aumentando o crescimento, o emprego e os salários”, destacou.
Lula salientou que a justificativa do governo de que a Previdência é deficitária não condiz com a realidade. “Se você pegar as estatísticas, vai perceber que, entre 2004 e 2018, o financiamento da seguridade social cresceu 56%. Portanto, nós tivemos superavit na Previdência”, disse Lula.
Segundo ele, atualmente, o déficit aparece "na medida em que cresce o nível de desemprego e a redução no salário dos trabalhadores".
Ele enfatizou que a solução não é a reforma com retirada de direitos, mas fazer a economia crescer, com aumento de empregos e salários. "Se tivemos superávit foi porque criamos 22 milhões de empregos entre 2003 e 2014, porque formalizamos 100 milhões de pequenas empresas e milhões de trabalhadores, porque a média salarial crescia 3,5% ao ano, porque o salário mínimo aumentou 74%. Ora, quando a economia está funcionando corretamente, a arrecadação também cresce. Quando o PIB não cresce, o emprego não cresce, obviamente que a Previdência passa a ser deficitária", lembrou.
Sobre a conjuntura política, Lula defendeu a aprovação da PEC das Eleições Diretas que atencipe as eleições "para que o povo não fique esperando até 2018". Ele também afirmou que o país "precisa que as instituições funcionem de forma harmônica para que a gente possa garantir o processo democrático no Brasil".
"Quando uma parte da Justiça se submente aos meios de comunicação para poder fazer valer as suas teses, fica muito grave e delicado. Muitas vezes as pessoas são criminalizadas pelas manchetes dos jornais e da televisão e não pelo que está nos autos do processo", disse.
Na entrevista, Lula repetiu um mote que vem falando desde sua posse em 2003: "É necessário incluir os mais pobres no orçamento para fazer a economia girar e o país crescer".