Morre Alípio de Freitas, uma vida dedicada à emancipação do povo
O ex-padre português faleceu em Lisboa, nesta terça-feira (13). Foi professor universitário em São Luis (MA), um dos fundadores das Ligas Camponesas e da Ação Popular (AP) e atuou na resistência ao regime militar. Sua morte aos 88 anos, teve grande repercussão na imprensa de Portugal, onde também atuou como jornalista.
Publicado 13/06/2017 23:32
Alípio de Freitas nasceu em Bragança, em 1929, e ordenou-se padre da Igreja Católica em 1952. Em 1957, mudou-se para o Brasil, estabelecendo-se em São Luís, onde foi professor universitário de História Antiga e Medieval e atuou junto aos movimentos sociais e políticos. No Congresso Mundial da Paz, em Moscou, teve contato com dirigentes soviéticos, com o poeta chileno Pablo Neruda e com a revolucionária espanhola Dolores Ibárruri Gómez, La Pasionaria. Em razão de divergências com a Igreja Católica, abandonou a vida religiosa.
Em 1958 participou da fundação da Associação dos Trabalhadores Agrícolas do Maranhão; ao lado de Francisco Julião fundou as Ligas Camponesas. Teve destacada atuação nas lutas pela reforma agrária e, durante o governo de João Goulart (Jango), nas ações pelas Reformas de Base, tendo atuado na Superintendência da Reforma Agrária (Supra).
Perseguido pela ditadura militar implantada em 1964, Alípio de Freitas esteve fora do Brasil por um período, morando no México e em Cuba. Ao retornar ao país passou a atuar clandestinamente, integrou a resistência armada e foi preso e torturado pelo regime militar por 10 anos.
Liberado em 1979, mudou-se para Moçambique, em 1981. Mais tarde, voltou para Portugal e integrou-se, como jornalista, à equipe de profissionais da RTP. Aposentou-se em 1994, aos 65 anos. Em seguida, em 2010, integrou-se ao Conselho Editorial do jornal “A Nova Democracia”.
Para o jornalista e advogado Ronald Freitas, membro do Comitê Central do PCdoB, “a morte de Alípio Freitas é uma grande perda para a luta democrática e progressista e para os povo do Brasil e do mundo”. O dirigentes comunista militou junto com Alípio Freitas durante um longo período na resistência ao regime militar. Ronald destacou ainda que Alípio “foi um elemento de proa na fundação da Ação Popular, onde militamos juntos na organização da luta do povo, principalmente entre os camponeses”.