Destino do PSDB é “túmulo”, diz Reale, autor do pedido de impeachment
A decisão do PSDB de permanecer no governo já começou a provocar efeitos. Miguel Reale Júnior, autor do pedido de impeachment contra o mandato da presidenta Dilma Rousseff, confirmou em entrevista sua desfiliação do PSDB.
Publicado 13/06/2017 14:46
“Espero que o partido encontre um muro suficientemente grande que possa servir de túmulo”, disse Reale, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
“Compartilhei ideais e esperanças, mas desisti diante de tantas vacilações e fragilidades onde não se pode ser fraco, que é diante da afronta à ética”, completou.
Assinante do impeachment sem fundamento legal, Reale disse que não há condições de permanecer na legenda, diante do apoio tucano ao governo de Michel Temer após as revelações trazidas pelas gravações do empresário da JBS. Na conversa, Temer incentiva o pagamento de uma mesada para garantir o silêncio do deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Para o jurista, que foi ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso, a renúncia de Temer é a única saída, pois o caso é “nada republicano e inadmissível”.
Em outra entrevista, Reale disse que “o PSDB está se peemedebetizando”. Ele se refere à criação do PSDB, em 1988, quando dissidentes do PMDB, como Fernando Henrique Cardoso, Franco Montoro e Mário Covas, decidiram liderar a fundação de uma nova legenda, devido à discordância com uma ala do PMDB considerada “fisiológica”.