Marianna Dias: "O Congresso da UNE será grande palco das Diretas Já"
A estudante de pedagogia da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Marianna Dias, atual diretora de relações internacionais da União Nacional dos Estudantes (UNE), fala sobre os desafios do movimento estudantil na conjuntura de grave crise política em que vive o país. Para Marianna, os estudantes estão chamados, mais uma vez, a cumprir um papel político destacado e, para tanto, o Congresso da UNE deve se unir em torno da mobilização por diretas já.
Publicado 06/06/2017 10:01
Entre os dias 14 e 18 de junho, a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, recebe o 55° Congresso da UNE. Em meio a um período politicamente conturbado da história do país, de lutas complexas contra os retrocessos impostos aos trabalhadores e trabalhadoras e em defesa da jovem democracia brasileira, mais de 10 mil estudantes de todos os cantos do país se reunirão na cidade mineira para juntos debaterem e traçarem os rumos necessários frente aos desafios que se apresentam.
Representando o movimento “Vem quem tem coragem”, a jovem baiana, Marianna Dias, 25 anos, falou ao portal da União da Juventude Socialista (UJS) o que pensa sobre o momento atual do Brasil e também falou sobre sua trajetória de lutas estudantis, militância que começou no diretório acadêmico de pedagogia da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), onde conheceu a juventude da UJS e foi convidada para fazer parte da Bienal da UNE de 2011. Ela conta que a partir do contato que teve com a UNE se motivou ainda mais “para construir a luta política na minha universidade”. Seu próximo passo então, ainda em 2011, foi ser dirigente da União dos Estudantes da Bahia a UEB, e vice-presidenta regional da UNE, no caso pelo estado da Bahia.
Já em 2013, Marianna foi eleita presidenta da União dos Estudantes da Bahia, que aponta como “uma das experiências mais ricas de sua vida”. Segundo ela, naquele momento teve a “oportunidade de travar diversas lutas, mas a principal foi a luta pela reestruturação das universidades estaduais, que inclusive ainda sou estudante de uma universidade estadual na Bahia, e nossa luta era para que existisse nas estaduais um projeto parecido com o Reuni, e que desse mais qualidade para ensino”.
Falando sobre o 55° Conune, Marianna Dias acredita que “esse vai ser um dos maiores Congressos da UNE, e por isso também, um dos mais importantes. O momento político que o Brasil vive, é preocupante, dá para nossa geração uma responsabilidade muito grande de defender o povo brasileiro, e minha expectativa é que esse congresso seja um símbolo da luta e da resistência dos estudantes, dos trabalhadores e do nosso povo”. A candidata aponta o fato recente, do presidente golpista Michel Temer, ter colocado o exército nas ruas para reprimir uma manifestação em Brasília, e nesse sentido ressalta que é perceptível que existe um Estado de Exceção em curso, mas “mesmo com essa tentativa de dar um tom autoritário no governo do Brasil, a UNE tem a capacidade de mobilizar estudantes de todo Brasil, para chegar até Belo Horizonte e falar sobre o país, falar sobre educação e falar sobre sonhos e falar sobre esperança”.
Ainda sobre o Conune, a militante ressalta, que o evento será um “grande palco pela campanha das Diretas Já, para que o povo brasileiro valorize o voto. Essa é uma das questões centrais para a UNE, o direito ao voto e a valorização da democracia. E quando formos para o Congresso e montarmos uma grande cena, pedindo por novas eleições, pedindo para que as pessoas não desacreditem da política, porque a política pode transformar a vida delas, eu acho que será uma cena marcante e histórica”.
Sobre sua própria geração, crescida em um país pós redemocratização, e que viveu avanços durante os governos anteriores ao golpe de 2016, ela diz que sua geração “presenciou o auge da transformação do Brasil, dois anos atrás a gente estava comemorando vitórias como os 10% do PIB para a educação, o Fundo Social do pré-sal para a educação, reservas de vagas nas universidades, quase o pleno emprego… e essa mesma geração viu tudo isso se acabar em seis meses, então a responsabilidade que temos, é de não perder o Brasil que a gente construiu”.
Marianna finalizou a conversa afirmando que essa responsabilidade de resistir e de lutar pelos direitos que foram conquistados por sua geração, “deve ser nossa maior força motriz”. E concluiu “os desafios são imensos, mas a UNE, ao longo desses 80 anos (de história), provou que os estudantes mobilizados são capazes de transformar o mundo. A gente tem total confiança nessa geração, sobretudo porque a UNE hoje representa mais de 7 milhões de jovens universitários, que estão nas universidades públicas e privadas, então a nossa força é muito maior, e eu tenho confiança que a gente consiga transformar tudo isso.”
Confira a entrevista completa com Marianna Dias no vídeo abaixo: