Michel Temer - Foto: Evaristo Sa/AFP
Para dirigentes das centrais de trabalhadores, o governo ilegítimo de Michel Temer é o responsável direto pela estatística quando optou pelas reformas trabalhista, previdenciária e terceirização em vez de priorizar a retomada do crescimento.
De abril de 2016 para abril de 2017 o número de pessoas desocupadas no Brasil cresceu 2,6 milhões, o que significa um crescimento de 23,1%.
“Acho que isso é um tapa na cara do governo. O governo falou que estava tirando o país da crise e passando imagem da normalidade. O dado mostra exatamente o contrário: que a situação é muito ruim para o trabalhador e para o pobre que continuam sem perspectiva”, declarou ao Portal Vermelho Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e vice-presidente da Força Sindical.
Na opinião de Nivaldo Santana, vice-presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) o desemprego representa a maior chaga social de um país e combinada ao cenário de retirada de direitos promovido pelo governo Temer a situação ganha dimensão dramática.
“Se consideramos esse quadro de aumento do desemprego e diminuição do salário e combinar com as reformas do Temer e a terceirização, o Brasil, que já tem um mercado precário e fragmentado, está aprofundando essas características. Está retroagindo há décadas. Mesmo garantias mínimas previstas na CLT e na Constituição estão na berlinda”, explicou Nivaldo.
A diminuição dos salários de que fala Nivaldo foi comprovada em pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). No ano passado apenas 19% das campanhas salariais tiveram aumento real. 44% das campanhas tiveram reajuste igual à inflação e 37% abaixo da inflação. O Dieese analisou 714 campanhas.
“Um governo ilegítmo que chegou ao poder através de um golpe, sem credibilidade e aplicando uma agenda ultraliberal é o principal responsável pelas mazelas que os trabalhadores estão enfrentando”, enfatizou Nivaldo.
De acordo com ele, o movimento para superar esse impasse está na luta pelo fim do atual governo e por eleições diretas. A luta em defesa da democracia está umbilicalmente ligada à defesa dos interesses concretos dos trabalhadores. Não podemos separar as duas lutas”, defendeu o dirigente da CTB.
As centrais sindicais estão unificadas também em torno das eleições diretas e da saída de Michel Temer. “Estamos nessa linha. Esse modelo de governo de deixar o estado cada vez mais mínimo precisa sair. Temos que derrotar esse sistema que não unifica o pais como dizia a propaganda dele (Temer). É um ataque que aumenta a desigualdade e dá mais força ao poder econômico”, completou Miguel.
Segundo ele, o caminho pelas diretas vai enfrentar dificuldades “mas é uma bandeira que a gente tem que mostrar pra sociedade e qualquer solução que não seja diretas vai ser um caos. Pela via indireta vai assumir quem estiver comprometido com as reformas”.
O dirigente da Força disse ainda que as centrais não são contra fazer reforma desde que o lado do trabalhador seja ouvido e isso não aconteceu. “O governo ouviu as centrais mas não fez nada tanto é que preferiu colocar a reforma trabalhista e previdenciária e esquecer a retomada do desenvolvimento. Gerar empregos seria mais um motivo para combater o suposto déficit da aposentadoria porque quanto mais o trabalhador tem emprego melhor para a Previdência”
Miguel desconfia que os números do desemprego podem ser bem maiores. “E ainda estão falando do desemprego que a pesquisa pega. Se considerar as pessoas que a pesquisa não pega o número vai bater em 20 milhões”, arriscou.