VI Festival de Jericoacoara homenageará os 50 anos de Terra em Transe

Em clima de confraternização e entusiasmo, o VI Festival de Jericoacoara Cinema Digital foi lançado na última quinta-feira (25), com exibição, ao final da tarde, no Centro Cultural Banco do Nordeste, do documentário "Assim nascem canções", sobre o grande pianista e compositor brasileiro João Donato.

Jeri Digital

O lançamento do festival, evento que acontece de7 a 13 de junho em Jericoacoara, com entrada franca em toda a programação e reunindo em sua mostra competitiva 30 curtas-metragens de realizadores de 13 estados brasileiros, contou com a presença do diretor do festival, cineasta cearense Francis Vale.

Também estiveram presentes diversos integrantes da equipe do evento, além de convidados que conferiram em primeira mão novidades como a homenagem que será prestada aos 50 anos do filme "Terra em Transe", de Glauber Rocha. Entre os participantes do evento de lançamento estavam o cantor e compositor Rodger Rogério, autor da trilha sonora oficial do festival, e o cineasta e curador de cinema do Cineteatro São Luiz, Duarte Dias. Além do coordenador do Centro Cultural Banco do Nordeste, Mauricio Lima, que reforçou a importância de seguir investindo em ações de cultura e arte, como o festival e a programação permanente do centro cultural, em um contraponto aos discursos de crise.

O cartaz oficial, a identidade visual e as demais peças de divulgação do festival também foram conhecidas em primeira mão pelo público que compareceu ao lançamento do evento nesta quinta-feira no CCBN. O destaque a "Terra em Transe", filme que causou polêmica em todo o País, inclusive no Ceará, quando de seu lançamento em 1967, mas que segue sendo aclamado internacionalmente como uma das obras-primas do cinema nos anos 60, foi o grande destaque do encontro.

"Em Jericoacoara teremos dois dias de debate sobre o 'Terra em Transe', reforçando nossa proposta de apontar para as novidades do audiovisual brasileiro, com a mostra competitiva de curtas-metragens, mas também de levar ao público mais jovem conhecimento e discussão sobre grandes obras da história do nosso cinema", destacou Francis Vale. "'Terra em Transe' tem metáforas, alegorias e leituras extremamente atuais, ainda mais em tempos de crise como os que vivemos no Brasil de hoje", acrescentou.

Seis vezes Jeri

“Chegando à sexta edição, o Festival de Jericoacoara Cinema Digital prossegue consolidando cada vez mais sua dimensão nacional, buscando reunir os novos realizadores do cinema brasileiro, que estão em todas as regiões, fazendo seus trabalhos, mesmo enfrentando, muitas vezes, dificuldades para divulgação, repercussão, visibilidade”, afirmou Francis Vale.

“Na contramão dessa realidade, o Festival de Jericoacoara Cinema Digital existe justamente para para dar mais destaque a novos nomes do cinema brasileiro, provando que passamos de um eixo geográfico de produção para novos e múltiplos polos, espalhados pelo País”, acrescenta o diretor do festival.

“O festival contribui para mostrar o pluralismo, essa riqueza de origens, temas e formas dos filmes, os realizadores de várias gerações que fazem o novo cinema brasileiro acontecer de um modo muito forte, pulsante”, complementa Francis, que também enfatiza a relação do festival com a comunidade de Jeri como um grande diferencial.

Cineastas de 13 estados

O VI Festival de Jericoacoara Cinema Digital contará, na Mostra Competitiva de Curtas, com a exibição de 30 filmes, de realizadores de 13 estados, selecionados entre nada menos que 237 inscritos. Participam do festival filmes de até 20 minutos, sobre quaisquer temas, nos gêneros documentário, ficção, animação e experimental.

Neste ano, chamou atenção da comissão de seleção o grande número de documentários inscritos, refletindo-se também na lista dos selecionados. "Um total de 15 filmes, metade dos selecionados, são documentários, o que demonstra a atenção que o gênero vem recebendo por realizadores de todo o País", destaca o diretor do festival, cineasta e escritor cearense Francis Vale, que celebra a nova edição do festival, apontando que mais uma vez o evento prestará homenagens a grandes nomes do audiovisual do Ceará e do Brasil, com destaque para a história do cinema e para a cena independente.

Convivência e debate

Para assegurar, na prática, a democratização da participação no evento, a produção do festival garante as despesas de transporte terrestre entre Fortaleza e Jericoacoara, alimentação e hospedagem, ao longo de todo o período, para um representante de cada um dos filmes selecionados.

“Mais do que apenas exibir os filmes, o festival se diferencia por proporcionar que os realizadores e o público possam conviver em Jericoacoara, ao longo de uma semana, debatendo cinema e permanecendo em contato direito com o público e a comunidade”, reforça Francis Vale. “Muitas vezes novas produções nascem desse encontro”.

Ao longo do festival, os filmes serão apreciados por um júri composto por nomes de destaque no audiovisual. Receberão o Troféu Pedra Furada as obras escolhidas pelo júri como as melhores em cada categoria: ficção, documentário, animação e experimental. Também receberá o troféu a melhor produção dos estados Ceará, Piauí e Maranhão, em homenagem à chamada “Rota das Emoções”, que se inicia em Jericoacoara-CE, passa pelo Delta do Parnaíba-PI e se estende até os Lençóis Maranhenses.

O festival também destinará troféus aos vencedores dos quesitos melhor filme, direção, roteiro, fotografia, trilha original e direção de arte. Além dos troféus para melhor ator e melhor atriz.

Filmes selecionados

A Chegada de Aninha, de Rosa Berardo (Animação, GO)
A Dança de Julia, de Igor Lopes (Experimental, PE)
A Fuga, de Douglas Alves Ferreira (Animação, SP)
Abissal, de Arthur Leite (Documentário, CE)
Atenciosamente, Saudade, de Edson Pereira (Experimental, CE)
Botes Bastardos, de Pedro Cela (Documentário, CE)
Candeias, de Felipe Wenceslau e Augusto Pessoa (Documentário, BA)
Canta um Ponto, de Luciano Dayrell e João Paulo Silveira (Documentário, RJ)
Dilema de Carpideira, de Philipe Ribeiro (Ficção, CE)
Ilha das Crianças, de Zeca Ferreira (Ficção, RJ)
Leblon Marista, de Fabrício Cordeiro e Luciano Evangelista (Documentário, GO)
Louça de Deus, de Eudaldo Monção (Documentário, BA)
Luiza, de Caio Baú (Documentário, PR)
Matiz, de Jackson Abacatu (Animação, SP)
Memórias do Cine Argus, de Edivaldo Moura (Documentário, PA)
Meu Rio Vermelho, de Rafael Irineu (Documentário, MT)
Negro Lá, Negro Cá, de Eduardo Cunha (Documentário, CE)
No que me toca, de Cecília Engels (Ficção, SP)
O Menino do Dente de Ouro, de Rodrigo Sena (Ficção, RN)
Os Olhos de Arthur, de Allan Deberton (Ficção, CE)
Psiu!, de Antônio Carrilho (Documentário, PE)
Retratos da Alma, de Leo Belo (Documentário, DF)
Rosinha, de Gui Campos (Ficção, DF)
Salu e o Cavalo Marinho, de Cecilia da Fonte (Animação, PE)
Segundos, de Camila Cruz (Ficção, SP)
Sêo Inácio (Ou o Imaginário do Cinema), de Helio Ronyvon (Documentário, RN)
Sertãozinho, de Rosana Nunes (Documentário, CE)
Shala, de João Inácio (Ficção, PA)
Símile, de Julio César Mahr (Experimental, GO)
Tatuagem Deni, de Armedi Mustafa (Documentário, AM)

Serviço

VI Festival de Jericoacoara – Cinema Digital. De 7 a 13 de junho de 2017, em Jericoacoara. Toda a programação tem entrada franca. Mais informações: www.jeridigital.com.br.