Chico Lopes – Temer e o tiro no pé: Diretas já!
“Em uma situação gravíssima, o decreto publicado por Temer foi imediatamente repudiado e gerou enorme preocupação. Nosso País não aceita viver uma repetição do que aconteceu em 1964”.
Por *Chico Lopes
Publicado 25/05/2017 09:23 | Editado 04/03/2020 16:23
Ao acionar as Forças Armadas para irem às ruas contra manifestantes em Brasília ontem, quarta-feira, Michel Temer mostrou desespero e comprovou que não tem condições de continuar ocupando o cargo de presidente da República. Afrontou direitos individuais e coletivos, em uma ação típica de ditadura, que só reforça a inviabilidade do atual governo e a urgência de eleições diretas.
Em uma situação gravíssima, o decreto publicado por Temer foi imediatamente repudiado e gerou enorme preocupação. Nosso País não aceita viver uma repetição do que aconteceu em 1964. E, se alguém tinha alguma dúvida, com essa nova medida ficou claro que, mesmo claramente insustentável, em situação piorando a cada minuto, Temer não mede consequências para tentar se agarrar ao cargo, seja como for.
É inaceitável que mais de 100 parlamentares, junto com milhares de cidadãos de todos os estados brasileiros reunidos ontem em Brasília, tenham sofrido tanta violência em um momento de manifestação legítima e democrática. Como se não bastasse, Temer vem com esse novo decreto, mostrando desespero, agindo de forma descuidada com o que restou da democracia brasileira, já tão abalada após o golpe e os seguidos desrespeitos às normas processuais e aos direitos individuais por setores do Judiciário.
É preciso garantir o estado democrático de Direito no nosso País e o exercício do direito à manifestação, assegurado pela Constituição. O que diz a Justiça sobre um decreto dessa natureza, emitido pelo presidente da República, neste momento tão grave? O povo se manifestou ontem, como vem fazendo há tempos em todo o País, por eleições diretas e contra as reformas trabalhista e previdenciária. Caminhava pelas ruas de Brasília participando legitimamente do debate sobre o futuro deste País, deixando claro que não vai aceitar perda de mais direitos sociais nem continuidade de quem não tem a menor condição de governar.
Apelando para uma medida de enorme perigo, Temer só demonstrou mais uma vez que seu governo na verdade já acabou. É um passado que ainda não acabou de passar. Já estava em uma situação extremamente difícil e agora ficou totalmente inviável. O povo exige eleição direta. Deixou isso claro nas ruas. E não adianta reprimir, ameaçar, apelar. Outras manifestações virão, maiores e mais fortes, enquanto não for devolvido ao povo o direito de escolher seus governantes e seu futuro. “Fora Temer” e “Diretas Já”.
*Chico Lopes é professor e deputado federal (PCdoB-CE)