Caravana de Combate à Violência contra a Mulher percorrerá escolas
Mesmo após 10 anos da Lei Maria da Penha, o Brasil é um dos países que lideram as estatísticas de feminicídio. O alerta foi dado durante audiência pública promovida pela Comissão de Direitos Humanos e Cidadania, para lançamento da I Caravana de Combate à Violência contra a Mulher, ocorrida na última quarta-feira (17), na Assembleia.
Publicado 18/05/2017 10:02 | Editado 04/03/2020 16:23
A iniciativa é das deputadas Augusta Brito (PCdoB), procuradora Especial da Mulher da Assembleia Legislativa, e Rachel Marques (PT), presidente da Comissão de Direitos Humano e Cidadania, e conta com parceria do Governo do Estado.
O projeto tem início a partir de 6 de junho e vai percorrer 20 escolas públicas estaduais e profissionalizantes de Fortaleza e do interior do Ceará. Entre as atividades previstas estão a realização de palestras, formação de grupos de trabalho e apresentações teatrais. De acordo com a deputada Augusta Brito (PCdoB), a ação vai servir não só para levar conhecimento e debate sobre o tema, mas para ouvir a juventude, com o intuito de construir novas políticas públicas.
“A caravana é para sensibilizar, levar informações, mas também escutar. Ao final das visitas, queremos estar com relatórios, tanto nós quanto o Governo do Estado, para propor novas políticas públicas, e aqui na Assembleia Legislativa também, formando novas leis e projetos”, apontou.
Precursora da lei que protege mulheres vítimas de violência, a biofarmacêutica Maria da Penha se mostrou feliz com o desenvolvimento da iniciativa. “A gente vem sempre solicitando que os gestores públicos se comprometam em fazer com que a Lei Maria da Penha saia do papel e funcione de verdade, porque se isso não acontece, a mulher não tem onde buscar ajuda”. Para ela, o envolvimento da arte na discussão da violência contra mulher, com realização de atividades lúdicas, teatro, cordel e música, ajuda a introduzir melhor o assunto entre os jovens.
Maria da Penha cobrou, na ocasião, a inauguração da Casa da Mulher Brasileira, que faz parte do programa federal “Mulher Viver Sem Violência, desenvolvido em parceria com os estados. Em Fortaleza, a unidade está sendo construída no bairro Couto Fernandes, e a previsão de conclusão era para setembro de 2016.“Em parte, é a cultura machista que faz com que gestores públicos priorizem outras pautas, e não a questão da violência contra mulheres”, declarou Maria da Penha.
O coordenador de Políticas para a Juventude do Estado, David Barros, disse que é preciso fortalecer uma perspectiva humanística de educação e ir além da palestra, estabelecendo vivências que respeitem a linguagem jovem. “A perspectiva de violência tem que ser discutida com a jovem mulher e o jovem homem, que vivem numa sociedade opressiva, marcada pelo machismo, para que eles possam experienciar outra perspectiva de relacionamento na sociedade”, frisou.
A I Caravana de Combate à Violência contra a Mulher é resultado de parceria entre a Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa e o Governo do Estado, por meio da Coordenadoria de Políticas para as Mulheres, da Coordenadoria de Políticas para a Juventude e da Secretaria de Educação (Seduc).
Também participaram da audiência pública a advogada Manuela Praxedes, presidenta da Comissão da Mulher; Iara Daniele, da Secretaria de Educação do Estado; Carla da Escóssia, representando a vice-governadora Izolda Cela, e Vanessa Oliveira, da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas.