Polícia reprime com violência greve nacional na Grécia
Milhares de gregos foram para as ruas das maiores cidades da Grécia protestando contra mais medidas de austeridade exigidas por credores internacionais em troca da liberação de fundos de um pacote de socorro já programado. A polícia, disposta ao longo das ruas, usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. A multidão reagiu e lançou o que tinha nas mãos contra os policiais.
Publicado 17/05/2017 13:50
A greve foi convocada pelas principais centrais sindicais dos setores público e privado um dia antes de o Parlamento da Grécia votar as reformas pretendidas pela troika, que prometeu liberar o terceiro pacote de 86 bilhões de euros de ajuda se mais medidas draconianas fossem impostas.
Entre os novos cortes atrelados à liberação dos fundos está o 13º corte nas pensões desde 2010 e uma redução nas deduções de imposto de renda livres de taxação. Elas vêm na esteira de anos de cortes que mergulharam o país em uma recessão profunda.
O desemprego atinge quase 25% e entre os jovens chega a 48%.
Professores, médicos e advogados interromperam o trabalho e o transporte público foi limitado em Atenas. Ao menos 14 mil pessoas foram às ruas em passeatas, de acordo com estimativas iniciais da polícia, incluindo muitos aposentados.
Os manifestantes portavam cartazes dizendo "Não à austeridade, sim ao alívio da dívida!" e "Devolvam os direitos conquistados que vocês roubaram de nós!", e entoavam "Eles falam de perdas e ganhos e nós falamos de vidas humanas".
Alguns expressaram sua revolta com o governo de coalizão do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, cujo partido venceu uma eleição prometendo encerrar os cortes.
"Eles nos disseram que iriam acabar com a austeridade e rasgar os pacotes de socorro", disse Paraskevi Tsouparopoulou, de 62 anos. "Ao invés disso, causaram um desastre maior".
Para reprimir e dispersar as pessoas, a polícia usou gás lacrimogêneo no centro de Atenas, o que provocou a ira dos manifestantes e sua reação, num ato que seguia pacífico.
A Grécia aceitou a imposição de novos cortes para poder receber a terceira parte do pacote de ajuda, que foi acertado há meses também com imposição de outros cortes.