Alunos relatam problemas por abusos cometidos em universidade
A hashtag #NãoÉNormalUFV pegou nas redes sociais. Depois de um grupo de estudantes da Universidade Federal de Viçosa (UFV), na Zona da Mata de Minas Gerais, organizar um evento para discutir problemas psicológicos, centenas de alunos começaram a publicar relatos de abusos cometidos dentro da instituição. As postagens falam de preconceitos, falta de apoio da universidade e principalmente denunciam um método de educação que eles consideram abusivo.
Publicado 16/05/2017 12:45
“#NãoÉNormalUFV você estar realizando um sonho, tudo na sua vida estar como queria, porém você não consegue parar de chorar”, desabafou a estudante Luci Ribeiro, no evento do Facebook. Outras postagens falam diretamente de como a atitude de professores influencia na situação psicológica do aluno. “#NãoÉNormalUFV uma aluna ir tirar dúvida com professor e ser chamada de incapaz”, escreveu Isabela Rodrigues. “#NãoÉNormalUFV um professor aterrorizar tanto um aluno, a ponto dele ter ataque de pânico ao saber que fará uma aula prática com ele”, relatou Gabriella Pacheco.
O preconceito de raça, gênero e orientação sexual também é denúncia comum. “#NãoÉNormalUFV professor no primeiro dia de aula na apresentação da disciplina perguntar pra cada aluno negro da sala se eles passaram na universidade através de cotas”, escreveu Jéssica Freitas. “#NãoÉnormalUFV a aluna ir na sala do professor para conversar e ele pedir pra ela ‘dar uma voltinha’ na frente dele pra ele ‘ver melhor’”, escreveu Maria Eliza.
Até mesmo um professor entrou na campanha, e respostou relatos de seus alunos. “Estou adorando ler as postagens da hashtag #NãoénormalUFV. Um dos problemas centrais que enfrentam as instituições de ensino superior (e a UFV não é nem de longe exceção) é a utilização da hierarquia como forma de sistematicamente vigiar e punir nossxs estudantes”, escreveu Edson Martins.
Pesquisa
A depressão entre os jovens é uma doença cada vez mais preocupante. De acordo com o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD), 21% dos brasileiros entre 14 e 25 anos têm sintomas que indicam a doença. 20% já pensou em suicídio e 5% já tentou tirar a própria vida.
Bruna Matos, integrante do Levante Popular da Juventude, que organiza o debate, afirma que casos semelhantes são comuns na universidade, e foi o que levou a propor o evento. “Num período de crise o índice de depressão aumenta. E um dos principais lugares onde isso acontece é dentro da universidade”, afirma. Além disso, ela declara que a ouvidoria da universidade é reconhecidamente insegura. "Já aconteceu de carta anônima entregue lá ser lida por professor dentro da sala de aula", denuncia.