Terceirização não gera emprego, desmente professor da Unicamp
O Projeto de Lei 4.302 (1998), que permite a terceirização em todas as atividades das empresas e foi aprovado no Congresso na noite desta quarta (22), representa um grande retrocesso em relação às garantias trabalhistas e não gera emprego, como argumentam os defensores da proposta. A opinião é do professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, José Dari Krein. Ele falou ao Jornal da Unicamp antes da votação da matéria.
Publicado 23/03/2017 15:56
De acordo com Krein, ao propor a ampliação da flexibilização da legislação trabalhista, o projeto atende principalmente aos interesses do mercado financeiro. “Pesquisas que analisaram as experiências levadas a cabo por diversos países demonstram que esse mecanismo não gera emprego, como argumentam os defensores da medida. O emprego depende de outros fatores, relacionados à dinâmica da economia”, afirma o docente.
Krein considera que o mercado de trabalho brasileiro já é flexível. A explosão do desemprego nos últimos dois anos (7 para 13 milhões de pessoas) e a alta taxa de rotatividade nas empresas, segundo ele, comprovam essa situação. “No Brasil, as empresas têm total liberdade para demitir sem precisar se justificar. A única exigência é o pagamento das multas rescisórias”, pontua.
O professor do IE entende que o PL também terá um forte caráter antissocial, dado que estimulará as contratações precárias, em um mercado flexível e permeado por desigualdades. “Os trabalhadores terceirizados não terão direito, por exemplo, à estabilidade provisória, como no caso das gestantes, ao final do contrato”, adverte o economista. Na análise de Krein, a proposição da matéria deve ser entendida no contexto do projeto de reforma trabalhista defendido pelo governo federal, cujo teor aprofunda ainda mais esse retrocesso.