Professores argentinos mantém greve em defesa de aumento salarial
Os professores da província de Buenos Aires, na Argentina, realizaram nesta terça-feira (14) o quinto dia de paralisação, após rejeitar a oferta salarial do governo de María Eugenia Vidal em reunião na última sexta-feira, por considerá-la insuficiente. Os docentes estão em greve desde o início da semana passada, reivindicando ajustes devido à perda aquisitiva e inflação.
Publicado 15/03/2017 12:43
"Rejeitamos categoricamente a proposta por ser insuficiente, porque nos deixa abaixo da linha da pobreza e não recupera nosso poder aquisitivo", disse o secretário-geral da Associação de Trabalhadores do Estado, Óscar de Isasi, após a reunião com os sindicatos de educação e o governo provincial em La Plata nesta sexta-feira. O encontro tinha como objetivo destravar o conflito que provocou uma greve em nível nacional desde a semana passada. No caso da província de Buenos Aires, a paralisação se estendeu até sexta-feira, quando foi suspensa de forma temporária, mas foi retomada nesta terça, junto à convocação de uma marcha até a sede do governo na quinta-feira (16).
Os professores pedem um aumento dos salários de 35% para compensar os 10% de perda aquisitiva de 2016 e os 25% de inflação prevista para esse ano, longe dos 17% propostos pelo governo do presidente do país, Mauricio Macri, no orçamento geral. O governo de Buenos Aires ofereceu 19% aos professores, um percentual que seria implementado de maneira gradativa ao longo de três etapas, mas os docentes negaram a proposta.
Isasi anunciou que os professores estão coordenando com docentes do setor privado e público em nível estadual, além dos sindicatos de funcionários da justiça e de saúde. O objetivo é articular medidas para forçar que o governo pare de jogar a conta da crise do país sobre os trabalhadores e os mais vulneráveis. Segundo os sindicatos, a adesão é de mais de 80% das escolas.
O titular do Sindicato Único de Trabalhadores da Educação na Província de Buenos Aires, Roberto Baradel, disse que a oferta foi rejeitada categoricamente porque não há diferença em relação às anteriores e não permite recuperar a massa salarial.
A convocatória da greve foi realizada pelos sindicatos de professores FEB (Federação de Educadores Bonaerenses), Suteba (Sindicato Único de Trabalhadores da Educação de Buenos Aires), UDA (União Docentes Argentinos), Amet (Associação do Magistério de Ensino Técnico), Sadop (Sindicato Argentino de Docentes Particulares), e Udocba (União Docentes de Buenos Aires). Pelo menos dois dos grupos afirmaram que aderirão à paralisação de 48 horas convocada por sindicatos nacionais para os dias 15 e 16 de março.
"Vamos marchar na quinta-feira para pedir à governadora María Eugenia Vidal, que lide com o conflito docente, que seus funcionários deixem de trapacear e parem de agir de má fé ", disse Miguel Díaz, secretario do Udocba.
María Laura Torre, secretária sindical do Suteba, afirmou que os professores acreditam que “depois das declarações de Vidal, se o governo nacional não intervir, como fez em anos anteriores, é muito difícil que essa situação se resolva”.
Por sua vez, a governadora afirmou no final de fevereiro que convocaria voluntários para dar aulas caso houvesse greve. “Houve 60 mil pessoas que se ofereceram como voluntários e quero agradecê-los de coração. Essa é a Argentina com a qual sonhamos. Vou convoca-los”, declarou, destacando que “há muitas redes de educação informal na província”. “Não está em discussão se os docentes merecem um salário melhor, mas temos que ter essa discussão sem intencionalidade política, com a realidade da província sobre a mesa e pensando no melhor para as crianças”, acrescentou.