Quase 100% dos professores param na Argentina por melhores salários
Milhares de professores da rede pública de ensino cruzam os braços na Argentina pra defender melhores salários e condições de trabalho dignas. De acordo com a Frente Nacional Docente, a adesão à paralisação chegou à 92% em todo o país.
Publicado 07/03/2017 11:58
A mobilização que começou nesta segunda-feira (6) promete uma paralisação de 48 horas em todo o país. Os docentes exigem aumento de salário para a categoria em nível nacional capaz de compensar a inflação de 40% do ano passado, considerada a maior dos últimos tempos.
Em Buenos Aires, a marcha de professores, apoiados por representantes da ATE (Associação de Trabalhadores do Estado), percorreu as principais ruas da capital argentina e se dirigiu desde o Congresso Nacional até o Ministério da Educação. “Esta marcha com mais de 50 mil professores deve fazer o governo refletir”, declarou a representante sindical Sonia Alesso.
Os professores exigem uma negociação salarial em nível nacional, se opondo à existência de salários diferentes nas 23 províncias e na capital federal, depois da decisão do Executivo nacional de deixar nas mãos dos Estados o montante do mínimo salarial segundo as possibilidades de cada uma.
A grande maioria dos governos locais propõe 18% a pagar em quatro quotas, atreladas ao índice da inflação, enquanto os professores pedem um reajuste de 35% para compensar a perda pela inflação, que em 2016 se elevou a mais de 40%.
Após várias tentativas frustradas de diálogo com o presidente Mauricio Macri, os professores convocaram a paralisação de 48 horas nos dois primeiros dias do ano letivo de 2017 na Argentina.
Enquanto Macri inaugurava o ano letivo na província de Jujuy junto ao ministro da pasta, Esteban Bullrich, no restante do país as salas das escolas públicas permaneceram vazias.
Apenas três províncias, Jujuy, Santiago do Estero e San Luis, começaram as aulas. No resto, em todos os níveis, 12 milhões de alunos ficaram em suas casas.
Os professores apontaram que depois da paralisação de 48 horas, preparam um plano de luta por melhores salários e condições de trabalho. “Paritária nacional ou segue a greve”, declarou Hugo Yasky, da CTA (Confederação de Trabalhadores da Argentina). “Ir contra a escola pública é analfabetismo político, seja na Casa Rosada ou no Ministério da Educação. Não há nada mais nobre para os argentinos do que a escola”, disse o sindicalista.