Sob fogo amigo, Padilha pede licença do ministério para cirurgia
O primeiro carnaval do governo Michel Temer (PMDB) não será a folia que eles imaginavam antes do golpe. Depois do anúncio da saída de José Serra (PSDB), do Ministério das Relações Exteriores, alegando “problemas de saúde", agora foi é a vez do ministro da Casa Civil Eliseu Padilha (PMDB) que pediu licença do governo para operar a próstata.
Publicado 24/02/2017 10:06
Nesta quinta-feira (23), Padilha fez exames preparatórios para realizar o procedimento que deve acontecer neste final de semana ou na segunda-feira de carnaval, em Porto Alegre (RS).
A “licença” de Padilha coincide que o vazamento de informações das investigações da Lava Jato. O nome do ministro e braço direito de Temer foi citado pelo ex-assessor da Presidência – amigo pessoal de Temer – José Yunes, que afirmou que atuou como “mula involuntária” de Padilha ao receber um pacote no seu escritório de advocacia, em São Paulo, das mãos do doleiro Lúcio Funaro, apontado como operador do PMDB.
A informação consta na delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho, que disse ter mandado entregar dinheiro em espécie no endereço de trabalho de Yunes, em 2014.
Yunes, que é amigo de Temer e até pouco tempo era assessor especial da Presidência, nega ter recebido dinheiro, mas admite que Padilha pediu, por telefone, para ele receber um documento.
“Pelo relacionamento político e partidário que tenho com ele, Padilha pediu se eu poderia receber no escritório um documento, um pacote, para que outra pessoa fosse pegar”, declarou Yunes em entrevista ao Estadão. “Quem levou o documento, que eu não conhecia, era o Lúcio Funaro. Por isso eu brinquei que fui mula involuntária do Padilha”, completou.
Yunes deixou o governo após ser citado em delação premiada de Melo Filho, ex-executivo da empreiteira, que disse que, numa reunião ocorrida em 2014, no Palácio do Jaburu, Temer – então vice-presidente – teria pedido dinheiro a Marcelo Odebrecht para o PMDB.
Funaro foi preso em julho de 2016 na Operação Lava Jato. Ele é apontado como suposto operador do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).