UBM condena demissão e perseguição à professora Mary Castro
A União Brasileira de Mulheres (UBM) veio por meio de nota denunciar a perseguição política a qual a professora feminista Mary Garcia Castro foi submetida, ao ser demitida num ato de retaliação política e ideológica pela reitoria da Universidade Católica de Salvador (UCSal). Segundo afirma o comunicado, “a onda obscurantista que vem varrendo o Brasil atingiu um dos maiores nomes do feminismo brasileiro”.
Publicado 23/02/2017 17:23
Leia abaixo a íntegra da nota:
A União Brasileira de Mulheres imputa toda a sua solidariedade à pesquisadora feminista Mary Garcia Castro. Num ato de evidente retaliação política e ideológica, a reitoria da Universidade Católica de Salvador (UCSal) demitiu sumariamente uma de suas mais produtivas professoras-orientadoras da pós-graduação, sob a pouco convincente alegação de “corte de gastos”.
Mary é uma acadêmica de 75 anos com décadas de contribuição às Ciências Sociais, à democracia e à luta feminista de esquerda no Brasil. Filiada à UBM e colaboradora assídua da revista Presença da Mulher, é uma das defensoras da corrente feminista emancipacionista – que articula classe, gênero e raça em uma perspectiva revolucionária de superação da sociedade capitalista – e uma das mais respeitadas cientistas sociais brasileiras. Coordenou estudos pioneiros sobre juventude e sexualidade de grande impacto teórico-científico e político para a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), que balizaram Políticas Públicas para a Juventude em todo o Brasil.
Mary é uma das maiores intelectuais do país e, fossem critérios mais objetivos, jamais seria dispensada de qualquer universidade. Entretanto, a onda obscurantista que vem varrendo o Brasil atingiu um dos maiores nomes do feminismo brasileiro. O clima de ódio e intolerância, antiesquerda, antifeminista e protofascista, catalisado pelo golpe de Estado que conduziu Michel Temer à Presidência da República em 2016, vem fomentando em escala cada vez maior o autoritarismo e a censura ideológica, ganhando espaço também nas universidades – onde deveriam vicejar o debate de ideias e o direito ao livre pensar. Como durante a Ditadura Militar (1964-1985), membros da comunidade acadêmica progressistas e contestadores estão sendo paulatinamente perseguidos e afastados das universidades.
Mary Castro representa um grande perigo: é crítica, combativa, feminista e socialista, e, exatamente por este motivo é alvo prioritário de ataque dos setores reacionários da universidade e da hierarquia católica. Não admitiremos mais nenhuma “Caça às Bruxas”! Exigimos a imediata recontratação da Professora Mary Castro, professora valorosa, e o fim das perseguições de cunho teórico-ideológico nas universidades.
Nossa irrestrita solidariedade à brava Profª Mary Castro neste momento de perseguição e injustiça!
22 de fevereiro de 2017
União Brasileira de Mulheres