Após aprovação de Moraes, oposição relembra “pacto com o Supremo”
Após o resultado da ampla maioria de aprovação de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo Senado, na manhã desta quarta-feira (22), a oposição denunciou que a escolha de Michel Temer é um movimento do presidente para “estancar a sangria”.
Publicado 23/02/2017 09:59
A afirmação foi do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), em referência aos áudios de parlamentares do PMDB, entre eles Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR), com o ex-senador José Sarney e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, de que a cúpula atuava, ainda antes do impeachment de Dilma Rousseff, para barrar os avanços da Operação Lava Jato.
De acordo com Randolfe, o que se viu na manhã desta quarta foi um “roteiro” de Temer, que não tem como não se assemelhar aos áudios já anunciados no último ano, dos planos do PMDB para obstruir a investigação contra a cúpula e aliados.
“Ocorre que o governo está galvanizando espaços. Me parece até que um roteiro anunciado em abril e maio, nas gravações que se tornaram públicas, tem um esforço para que esse roteiro se concretize”, disse. “Claramente, o governo do senhor Michel Temer está fazendo movimentos para, abre aspas: estancar a sangria”, completou o senador Randolfe Rodrigues.
Em maio do último ano, foi tornado público o áudio de uma conversa entre Jucá e Machado, com o senador e braço direito do governo sugerindo um “pacto nacional” para “estancar a sangria” da Lava Jato. “Com o Supremo, com tudo”, completava o senador peemedebista a Machado.
Jucá, por sua vez, rebate a suposta “interpretação” do diálogo e diz ter sido mal interpretado. Segundo ele, fazia referência à sangria na economia, provocada pelo então governo de Dilma Rousseff.
No STF, o novo ministro indicado por Temer, que já ocupou cargos em governos tucanos, como no estado de São Paulo, e comandava o Ministério da Justiça do atual presidente, será responsável por, nada menos, que a revisão da Operação Lava Jato.
Isso porque Alexandre de Moraes não assumirá a Segunda Turma do STF, encargada pelas análises e julgamentos dos processos da Lava Jato. Mas, em uma possível revisão de condenações a nível do Supremo, a cadeira de Moraes é que herda tal decisão.
A cobrança, a partir de agora, será da opinião pública e dos partidos de oposição no Legislativo, para que Moraes se declare suspeito de julgar, pelo menos, investigações que tenham relação com Michel Temer e aliados do ex-ministro da Justiça.