“Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito”, diz Lula
Em cerimônia no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ex-presidente lembra momentos marcantes do casamento com Marisa Letícia e diz que viverá muito para “provar que os facínoras que levantaram leviandade contra a Marisa tenham algum dia a humildade de pedir desculpas”
Publicado 05/02/2017 11:51
Marisa Letícia Lula da Silva foi velada neste sábado (4) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Uma multidão compareceu ao local para levar solidariedade a Lula e familiares. O ex-presidente, muito emocionado, agradeceu a todos os presentes e falou um pouco sobre seu casamento com Marisa.
Lula ressaltou o papel que o Sindicato dos Metalúrgicos representou em sua vida. “Minha vida não seria um décimo do que é se não fosse esse sindicato. Vocês não têm ideia da representatividade que esse espaço tem na minha vida. Aqui eu aprendi a falar, perdi o medo do microfone. Aqui nós decidimos combater a ditadura militar, aqui nós criamos um novo sindicalismo, aqui pensamos em criar a CUT, em criar o PT, pensamos em fazer todas greves dessa categoria. E a partir daqui saiu a inspiração para que muitos sindicatos, se transformassem em sindicatos combativos.”
E o mais importante, segundo Lula, foi na sede do sindicato que ele conheceu Marisa. “Aqui viemos com nossos filhos. A Marisa sustentou a barra para que eu me transformasse o que sou hoje. Costumo dizer que sou o resultado da consciência política dos trabalhadores brasileiros, das greves, mas também resultado de uma menina que parecia frágil, que me deu a garantia, ela segurava a barra”, destacou.
Segundo Lula, por causa de sua luta no sindicato, na CUT, no PT, quem criou os filhos foi Marisa. “Tivemos uma vida de muita compreensão. O casamento é um exercício de democracia, no casamento você aprende a ceder. Se não tiver a paciência de ceder a toda hora um para o outro o casamento não dura. Nunca brigamos, eu já brigava muito no PT, no sindicato.”
O ex-presidente ainda lembrou quando foi eleito pela primeira vez e se especulavam cargos para a primeira dama. “A gente sentava, jantava, conversava, discutia. Ela tinha muito mais importância que os ministros. Ela me dizia sempre: nunca se esqueça de onde você veio e pra onde você vai governar. A gente não pode fazer nada que a gente não fazia quando você não era presidente. Não podemos ter um padrão de vida melhor do que a gente tinha”, dizia Marisa, segundo Lula.
“Vou continuar agradecendo a Marisa até o dia em que eu morrer. Espero encontrar com ela quando eu morrer com esse mesmo vestido vermelho, pra mostrar que a gente não tinha medo do vermelho”, disse. “Lembro das crianças dormindo no chão da Praça da Matriz e a Marisa e outras companheiras vendendo camiseta para construir um partido que a direita quer destruir”, declarou.
“Marisa morreu triste. Acho que vou viver muito porque eu quero provar que os facínoras que levantaram leviandade contra a Marisa tenham algum dia a humildade de pedir desculpa. Se alguém tem medo de ser preso, este que está enterrando sua mulher hoje, não tem. Tenho a consciência tranquila. Não sou eu que tenho que provar que sou inocente, eles que tem que provar que as mentiras que estão contando são verdades. Descanse em paz, porque seu Lulinha paz e amor vai continuar brigando muito”, concluiu Lula.