Vanessa apela aos parlamentares para barrar o Golpe das Teles
O Golpe das Teles, pelo qual o governo golpista de Michel temer pretendia entregar R$ 100 bilhões de bens públicos a empresas privadas, é o tema da coluna semanal da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) na Folha de S. Paulo desta terça-feira (24). Ela destaca que “conseguimos barrar, temporariamente, uma sórdida manobra de Temer contra o patrimônio público e a nossa soberania. Espero que o sentimento patriótico dos parlamentares fale mais alto e esse absurdo seja barrado!”
Publicado 24/01/2017 09:48
A parlamentar afirma que o “assunto é grave!”, ao afirmar que “tentaram considerar aprovado um projeto estratégico como esse sem passar pelo plenário do Senado” e que “graças ao recurso que apresentamos à Mesa do Senado e ao mandado de segurança que impetramos ao STF (Supremo Tribunal Federal), voltaremos a analisar a matéria em fevereiro”.
O projeto favorece principalmente a empresa de telefonia móvel Oi, que pediu recuperação judicial em 20 de junho de 2016 após acumular dívida de R$ 65,4 bilhões. Dias depois a imprensa divulgou o plano de Temer para salvar a empresa, “cujo conteúdo é uma afronta aos interesses públicos e nacionais, e se baseia em dois pilares: mudar o marco regulatório da telefonia fixa; e perdoar 70% da dívida da Oi, cujos maiores credores são BB, Caixa, BNDES e Anatel”, conta a senadora.
E acrescenta que “a mudança permite transformar as concessões em autorizações e doar, às empresas, os prédios e equipamentos públicos atualmente usados por elas”.
Licenciosidade e ataque
A senadora também avalia a fala do ministro de Ciência e Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab, que, em artigo no mesmo jornal, no domingo (22), defende a necessidade de atualizar a Lei Geral das Telecomunicações, mas não explica o porquê da doação desse bilionário patrimônio às empresas privadas.
“Tamanha licenciosidade encorajou o bilionário egípcio Naguib Sawiris (pretenso comprador da Oi) a atacar nossa soberania e nossa gente. Em entrevista à Folha ele defendeu a proposta de mudanças na regulamentação do setor e declarou: ‘não consigo entender como uma empresa que só vale US$ 650 milhões (na Bolsa) pode prestar serviços de qualidade com obrigações como conectar lugares na selva onde não tem ninguém’”.
Vanessa enfatiza que “devemos repelir e repudiar tal declaração, que expressa desprezo e desrespeito à nossa realidade de profunda desigualdade social e regional, e às pessoas humildes que vivem no interior da vasta e rica Amazônia”.
E explica que “o valor da empresa foi depreciado após anos de má gestão privada, o que desmoraliza a tese de que a gestão privada é eficiente e ética. Os fatos demonstram o contrário”.
Ao concluir sua denúncia sobre o Golpe das Teles, a senadora afirma que “a ação do governo e a declaração do empresário mostram que vivemos tempos de retrocesso e de inversão de valores. Para eles o serviço de telecomunicações é somente um negócio lucrativo. Para mim é um serviço estratégico, essencial e imprescindível ao desenvolvimento nacional e ao bem-estar das pessoas, que vivem nos grandes centros urbanos ou nos longínquos pontos da Amazônia”.