John Kerry condena política de assentamentos de Israel
Em discurso nesta quarta-feira (28), o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, afirmou que a solução para o conflito palestino-israelense determinado pela ONU — a existência de dois Estados soberanos, que implicaria na criação do Estado palestino — “corre risco” devido à expansão dos assentamentos israelenses em áreas palestinas ocupadas.
Publicado 29/12/2016 10:31
"A verdade é que a violência, o terrorismo, a expansão dos assentamentos e a ocupação que parece não ter fim, estão se juntando para destruir a esperança da paz nos dois lados e cimentando a realidade de um único Estado e uma ocupação perpétua", afirmou Kerry no discurso.
O secretário disse ainda estar frustrado com as posições do premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, que apoia e autoriza a criação de assentamentos em "localizações estratégicas que impossibilitam a existência de dois Estados".
"O primeiro-ministro de Israel apoia publicamente a construção de dois Estados, mas sua atual coalizão é a mais conservadora da história israelense (…). O resultado é que as políticas deste governo — que o próprio primeiro-ministro descreveu como 'o mais comprometido com assentamentos em toda a história de Israel' — estão levando para a direção oposta, em direção a um único Estado", afirmou John Kerry.
Momento de tensão
Atualmente, Estados Unidos e Israel vivem um momento de tensão, após o governo norte-americano se abster, pela primeira vez em oito anos, da votação no Conselho de Segurança da ONU que aprovou uma resolução condenando a política de assentamentos em território palestino promovido pelo governo de Israel.
Na ocasião, a embaixadora dos EUA na ONU, Samantha Powers, justificou a posição do país como consistente com as políticas norte-americanas, visto que Washington considera os assentamentos ilegais.
O próprio secretário de Estado defendeu a abstenção dos EUA no Conselho de Segurança. E, nesta quarta-feira, ele voltou a justificar as decisões do governo norte-americano, dizendo que “os Estados Unidos não podem continuar defendendo Israel se permitirmos que uma solução viável de dois Estados seja destruída diante de nossos olhos".
Governo Trump
O pronunciamento de Kerry ocorre 23 dias antes da administração do presidente Barack Obama ser substituída pela do presidente eleito Donald Trump, que já prometeu estreitar os laços entre os EUA e Israel.
Trump comentou o discurso do atual secretário de Estado por meio de sua conta no Twitter, dizendo que “não podemos continuar deixando que Israel seja tratado com total desdém e desrespeito. Eles [israelenses] costumavam ter um grande amigo nos EUA, mas agora não têm mais. Continuem fortes, Israel, 20 de janeiro (data da posse do republicano) está se aproximando rápido”.